Tarcísio de Freitas se faz de rogado, mas fatura politicamente com greve do Metrô e CPTM

 
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerou abusiva a greve que paralisou metrô, trens e parte dos trabalhadores da estatal de saneamento nesta terça-feira (3).

“Infelizmente, aquilo que a gente esperava está se concretizando. Temos uma greve de metrô, CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos] e Sabesp [Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo]. Uma greve ilegal, abusiva, claramente política. Uma greve que tem por objetivo a defesa de um interesse muito corporativo”, disse, sobre o movimento contra a privatização de serviços.

De acordo com o balanço apresentado pelo governo, as linhas 1,2,3 e 15, operadas pelo Metrô amanheceram completamente paralisadas. Funcionam apenas as linhas 4 e 5, concedidas à inciativa privada. No caso da CPTM, estavam totalmente paradas três das cinco linhas. Operam parcialmente as linhas de trens 7 e 11, mas nenhuma faz o trajeto completo e têm intervalos maiores de espera. As linhas 8 e 9, também privatizadas, mantiveram operação.

Segundo Tarcísio, a paralisação desrespeita a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), de sexta-feira (29), que proibiu a greve total dos trabalhadores do Metrô. Conforme determinação do desembargador Celso Ricardo Peel Furtado de Oliveira, deveria ser assegurada a circulação da frota de 100% dos trens nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 80% nos demais períodos, sob pena de multa de R$ 500 mil. “Essa turma não está respeitando sequer o Judiciário. Não estão respeitando o poder Judiciário, não estão respeitando o cidadão”, criticou o governador.

 
O governador não tem moral para falar em desrespeito ao Judiciário por parte dos metroviários, uma vez que integrou o governo de Jair Bolsonaro, que ao longo de quatro anos ameaçou a democracia brasileira e desafiou o Supremo Tribunal Federal o tempo todo. Em nenhum momento do pior governo da história nacional, Tarcísio se posicionou contra a investida golpista do então presidente da República

Tabuleiro político

Na segunda-feira (2), o governador de São Paulo afirmou que a greve é política, na tentativa de atingir os partidos de esquerda ligados aos sindicatos. Se há nessa queda de braços alguém que se beneficiou politicamente com a greve dos metroviários, esse certamente é Tarcísio de Freitas, que conseguiu colocar a população paulistana contra os funcionários do Metrô.

Além disso, a diretoria do sindicato tem ligações com o PSOL, partido do deputado federal Guilherme Boulos, que é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo com o apoio de Lula e do PT. No contraponto, o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que buscará a reeleição, conta com o apoio de Tarcísio e de Jair Bolsonaro, por enquanto.

Por outro lado, Tarcísio de Freitas, que tenta herdar o espólio político de Bolsonaro, que está inelegível, mira o Palácio do Planalto e por conta disso precisa de recursos para financiar eventual campanha presidencial. Isso explica a insistência do governador nas privatizações do Metrô e da Sabesp.


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