A partir de quinta-feira (30), o governo da Finlândia fechará totalmente sua fronteira terrestre com a Rússia para evitar que refugiados de outros países continuem chegando através do território russo. A previsão inicial é que a medida vigore até 13 de dezembro.
Sete das oito passagens de fronteira já estão fechadas, restando apenas a de Raja-Jooseppi, no Nordeste, que agora também será bloqueada.
O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, disse que a medida é “necessária e proporcional”. “São atividades de interferência russa e isso é algo que não aceitamos”, destacou.
Dessa forma, não será mais possível pedir refúgio na fronteira terrestre da Finlândia com a Rússia, a mais longa da União Europeia (UE), com 1.340 quilômetros. A partir de quinta-feira, isso só poderá ser feito em portos e aeroportos internacionais do país nórdico.
O governo finlandês fechou quatro fronteiras em 18 de novembro e outras três uma semana depois.
Helsinki acusa Moscou de enviar deliberadamente à fronteira com a Finlândia cidadãos de países da África e do Oriente Médio, como Iraque, Síria, Iêmen, Turquia e Somália, aos quais permite a passagem sem os documentos necessários.
Para o presidente finlandês, Sauli Niinistö, o influxo de migrantes é uma vingança do Kremlin pela adesão da Finlândia à Otan. Moscou nega e afirma que as passagens de fronteira estão sendo usadas apenas por pessoas autorizadas.
Trinta vezes mais pedidos de refúgio
De acordo com as autoridades de imigração finlandesas, cerca de 900 requerentes de refúgio chegaram à Finlândia vindos da Rússia apenas em novembro, uma cifra 30 vezes maior do que a habitual, apesar do fechamento de sete dos oito postos fronteiriços nos últimos dez dias.
Há relatos de africanos e árabes aliciados em grupos de internet, para os quais eram oferecidos, por centenas e até milhares de dólares, cursos de idiomas na Rússia com a possibilidade de atravessar a fronteira para a Finlândia e, assim, ingressar na União Europeia. Até o aluguel de bicicletas para fazer a travessia seria ofertado.
De acordo com a Finlândia, o fluxo de migrantes caiu muito desde a última sexta-feira, quando todos os postos fronteiriços, exceto o mais setentrional e mais remoto, foram fechados. Apesar disso, as autoridades finlandesas não acreditam que Moscou tenha mudado de atitude.
“A questão não é o número de refugiados que chegam, mas as razões da sua chegada”, declarou a ministra do Interior finlandesa, Mari Rantanen, do partido de extrema direita Verdadeiros Finlandeses.
Para ela, o fechamento total da fronteira não é uma questão de políticas de refúgio ou de imigração, mas de segurança nacional. “A Finlândia é alvo de uma operação híbrida russa”, reiterou Rantanen.
No entanto, o fechamento é temporário e a reabertura pode ocorrer se a situação com Moscou for resolvida. “A Rússia causou esta situação e também pode acabar com ela”, disse o primeiro-ministro finlandês. (Com agências internacionais)
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