Desesperados com indicação de Flávio Dino, bolsonaristas ignoram os fatos e propagam mentiras

 
A indicação de Flávio Dino, ministro da Justiça, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) levou a oposição no Senado a se movimentar para evitar a aprovação do nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os senadores que fazem oposição ao governo, em especial os bolsonaristas, temem que a chegada de Dino ao STF dificulte a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, principalmente nos processos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos três Poderes foram invadidas e destruídas por vândalos que defendiam um golpe de Estado.

No domingo (10), protestos contra a indicação de Flávio Dino, convocados pela turba bolsonarista, ocorreram nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Na capital paulista, o senador Eduardo Girão (Novo-CE), um dos sabujos do bolsonarismo, discursou contra a indicação de Dino.

“O Senado tem o dever moral de rejeitar Flávio Dino ao STF. Precisamos resgatar o Brasil das mãos dos ‘donos do poder’. A população está apreensiva, mas com fé que o Senado Federal não vai se submeter aos desmandos do governo Lula e deboches de Dino ao Parlamento. ‘A soberba precede a queda’. Vamos continuar em oração, pois a guerra que estamos enfrentando é política, cultural, mas, sobretudo, espiritual; além das preces vamos precisar de sua mobilização junto aos senadores. Mande mensagens, ligue para os gabinetes, de forma respeitosa e ordeira, mas com firmeza reivindicando: #dinonão”.

A insistência dos defensores do golpe em misturar religião com política mostra o desespero de um grupo de políticos que defendem o retrocesso e obscurantismo, não sem antes provar o desespero de uma oposição que saiu enfraquecida do 8 de Janeiro e agora não sabe o que fazer para sobreviver.

Adepto de primeira hora do golpismo cultivado por Bolsonaro ao longo de quatro anos, Girão afirmou que a indicação do presidente da República ao STF é política. É importante lembrar ao senador cearense que Bolsonaro fez duas indicações políticas ao Supremo: Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

Nunes Marques foi indicado ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pela desembargadora Maria do Carmo Cardoso (TRF-1), que é próxima do clã do ex-presidente. Quem também defendeu a indicação de Nunes Marques junto à família Bolsonaro foi o advogado Frederick Wassef, o mesmo que escondeu Fabrício Queiroz em imóvel de sua propriedade e recomprou um relógio Rolex vendido nos Estados Unidos, depois que o escândalo das joias sauditas veio à tona. Se tal indicação não foi política, que Girão explique o que representou.

Ainda sobre as declarações torpes de Eduardo Girão… O senador pelo Ceará deveria explicar aos brasileiros de bem, tirante a manada bolsonarista, o que significou a indicação de alguém “terrivelmente evangélico” ao STF, no caso André Mendonça.

Pelo que consta, o Estado brasileiro é laico, ou seja, não se manifesta em assuntos religiosos, garante a liberdade religiosa e não adota religião oficial. Em seu artigo 101º, a Constituição de 1988 é clara ao estabelecer as regras para indicação ao STF.

“O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada”.

Mendonça não foi indicado à Suprema Corte com base no notável saber jurídico, mas por ser “terrivelmente evangélico”. Gostem ou não de Flávio Dino, o ministro da Justiça leva vantagem sobre Mendonça no quesito saber jurídico. Sabem os leitores do UCHO.INFO que não temos político de estimação nem fazemos jornalismo de encomenda, mas é preciso ater-se aos fatos e defender a verdade.

Se a oposição e os bolsonaristas temem a chegada de Flávio Dino ao STF, algo de errado há por trás da enorme e persistente cortina de fumaça mantida pelos golpistas, dispostos a implodir a democracia e o Estado de Direito para defender Jair Bolsonaro, que para sorte dos brasileiros está inelegível até 2030.


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