Populista, Javier Milei descumpre promessas de campanha, nomeia a irmã e reduz número de ministérios

 
Como todo populista, não importa se de direita ou de esquerda, o ultrarradical Javier Milei, novo presidente da Argentina, enganou milhões de eleitores na terra do tango. Milei prometeu absurdos dos mais diversos, como dolarização da economia, fechamento do Banco Central argentino, privatização de empresas públicas, liberação do porte de armas, entre tantas sandices.

Entre as promessas de campanha e se instalar na Casa Rosada, Milei mudou o discurso, confirmando o que já era esperado: seus eleitores foram acintosamente enganados. Para levar adiante suas promessas, o novo presidente da Argentina precisará de apoio político, algo que não conquistou nas recentes eleições. Isso significa que Milei terá de negociar muito com o Congresso para levar a cabo as mudanças anunciadas.

Dolarizar a economia de um país com pouco de US$ 30 bilhões em reservas cambiais, além das vultosas dívidas com organismos financeiros internacionais, é fruto do delírio de alguém que aproveitou o desespero da população diante de uma tragédia econômica para se eleger. Apenas a título de comparação, o Brasil tem mais de US$ 300 bilhões em reservas cambiais, enquanto a China tem US$ 3,1 trilhões.

Outro desvario que marcou a campanha de Javier Milei foi a promessa de interromper as relações comerciais com o Mercosul e com a China. Qualquer estreante no campo da economia sabe que tal proposta é uma ode ao absurdo. Ignorar comercialmente a China e o Brasil é uma demonstração clara do despreparo de Javier Milei, que ganhou fama como comentarista econômico acostumado com a “lacração”. Além disso, o novo presidente, tão logo eleito, se posicionou contra o acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

Em seu primeiro ato como presidente, Milei reduziu o número de ministérios para nove, medida, segundo o mandatário argentino, para reduzir gastos. Os ministros que compõem o novo governo são: Luis Caputo (Economia), Guillermo Ferraro (Infraestrutura), Mariano Cúneo Libarona (Justiça), Sandra Pettovello (Capital Humano), Luis Petri (Defesa), Diana Mondino (Chancelaria), Gullermo Francos (Interior), Mario Russo (Saúde) e Patricia Bullrich (Segurança).

Na sequência, Javier Milei alterou lei sobre nepotismo e nomeou a irmã, Karina Milei, para o cargo de secretária-geral do governo. Em suma, a austeridade anunciada durante a campanha caiu por terra no primeiro dia do mandato presidencial. A mudança na lei permite que somente Milei pode praticar o nepotismo.

Caso leve adiante a proposta de reduzir drasticamente os gastos públicos, Javier Milei terá de cortar benefícios sociais, decisão que tem ingredientes de sobra para se transformar em tiro no pé. Isso porque, em meio à crise econômica, boa parte da população depende dos benefícios. O novo presidente da Argentina foi eleito de forma democrática, mas na esteira da expectativa popular de que uma mudança radical será capaz de resolver os problemas do país.

A inflação argentina está em 150% ao ano, mas poderá subir ainda mais, dependendo das medidas adotadas por Milei e sua equipe de governo. A pobreza na Argentina cresce de forma descontrolada e o país vive um cenário de estagflação. O novo presidente corre o risco de enfrentar, dentro de alguns meses, ruidosas manifestações populares.


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