Macron indica premiê mais jovem da história da França; estilo de Attal pode ofuscar o presidente

 
O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou nesta terça-feira (9) o mais jovem primeiro-ministro da história do país. O ex-ministro da Educação, Gabriel Attal, de 34 anos, deve assumir o cargo após a renúncia de Élisabeth Borne, na véspera.

A mudança ocorre em meio a uma reforma de gabinete imposta por Macron após o difícil processo político para aprovar a nova lei de imigração, que gerou desgastes a ele e a seu governo.

Attal, que também será o primeiro premiê abertamente homossexual da França, terá a função de trabalhar para garantir que as forças de centro lideradas por Macron consigam fazer frente ao avanço da extrema direita francesa – tanto nas eleições europeias de junho próximo, quanto na disputa pela Presidência em 2027.

O estilo mais combativo de Attal deve gerar um forte contraste com Borne, de 62 anos, uma tecnocrata que se sente mais confortável atuando nos bastidores do que na linha de frente do embate político. O jovem político é bastante popular e tem reputação de ser hábil nas discussões com membros de diferentes vertentes políticas.

A ascensão meteórica e o dinamismo de Attal geraram comparações com a carreira política do próprio Macron, que aos 39 anos se tornou o presidente mais jovem da história da França. O novo nomeado quebrou o recorde anterior, de Laurent Fabius, escolhido como chefe de governo em 1984, aos 37 anos, pelo então presidente François Mitterand.

Attal é cotado pela imprensa francesa como possível sucessor de Macron em 2027. Apesar de ter adotado algumas posições controversas enquanto ministro de Estado, ele é a figura mais popular do governo, com mais de um terço da população apoiando sua indicação para primeiro-ministro, segundo pesquisa do instituto Odoxa.


 
Embora a nomeação não deva resultar em mudança dos rumos das políticas de governo, serve como sinal de que Macron quer superar os momentos difíceis de 2023, em meio às dificuldades para aprovar a lei de imigração e a reforma da previdência.

Há no Palácio do Eliseu a preocupação natural de que Gabriel Attal, por seu estilo dinâmico, comunicativo e pronto para embates, acabe ofuscando o próprio Macron.

Sem maioria parlamentar, o presidente enfrenta duras batalhas pra avançar suas políticas de governo em seu segundo mandato, adotando uma postura cada vez mais à direita no espectro político do país, com o intuito de atrair os eleitores mais conservadores.

De acordo com as pesquisas, o partido governista Renascimento está entre oito e dez pontos percentuais atrás do ultradireitista Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen.

Ambicioso e polêmico

Desde que entrou para a política, com pouco mais de 20 anos, Attal teve uma projeção bastante rápida. Inicialmente apoiador do Partido Socialista, aderiu ao movimento centrista de Macron logo quando foi fundado, em 2016.

No ano seguinte, Attal foi eleito para a Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento francês, atuando mais tarde como porta-voz do governo e ministro do Orçamento, quando demonstrou habilidade midiática ao defender a controversa reforma da previdência imposta por Macron.


 
O jovem político se tornou em julho de 2023 ministro da Educação, um dos cargos de maior importância e sensibilidade política do governo. Uma de suas prioridades era o combate ao bullying, após uma recente série de suicídios de crianças em idade escolar.

Contudo, a decisão que mais chamou atenção para o jovem ministro foi a imposição da proibição nas escolas do uso da “abaya”, traje usado muçulmanas que cobre o corpo dos ombros até os pés.

A medida gerou um amplo debate sobre a aplicação das leis seculares da França para discriminar membros da minoria muçulmana do país. Também foi vista como uma tentativa do ministro de agradar os setores mais conservadores da sociedade.

Filho de um produtor de cinema judeu, Attal cresceu em Paris e frequentou a exclusiva École Alsacienne, no centro da capital, antes de se formar na Universidade de Estudos Políticos de Paris, a Science Po, igualmente considerada elitista.

Ele diz ter sentido na pele o antissemitismo e a homofobia. Indagado, em entrevista, sobre sua religião, ele se declarou russo ortodoxo, por influência materna. (Com agências internacionais)


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