Carlos Bolsonaro é alvo de operação da Polícia Federal que investiga “Abin paralela”

 
A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta segunda-feira (29) mandados de busca e apreensão contra suspeitos de participarem, durante o governo Jair Bolsonaro, de um esquema de monitoramento ilegal de celulares por meio de ferramenta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A nova ação focou nos destinatários das informações produzidas ilegalmente.

Entre os alvos da operação policial está Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, que teve sua casa e seu gabinete na Câmara Municipal do Rio de Janeiro vasculhados, e alguns de seus assessores. A PF acredita que os suspeitos pediam informações para Alexandre Ramagem durante o período que este comandou a Abin sob o governo Bolsonaro.

A ação é um desdobramento da operação “Vigilância Aproximada”, que teve como alvo na semana passada, entre outros, Ramagem. De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, a PF investiga ainda o uso da Abin para favorecer outros dois filhos de Bolsonaro, Flávio e Jair Renan.

Vereador desde 2001, Carlos é frequentemente apontado com o chefe do chamado “gabinete do ódio” – estrutura paralela criada no governo Bolsonaro para propagar mentiras e ataques a adversários e desafetos do ex-presidente. Carlos ainda não se pronunciou sobre a atual operação da PF.


 
Polícia Federal detalha esquema ilegal

Segundo a investigação, o monitoramento de celulares era feito com o software israelense FirstMile, adquirido pela Abin em dezembro de 2018, no final do governo Michel Temer, por R$ 5,7 milhões. De acordo com a Abin, o software não está mais em uso desde maio de 2021.

A ferramenta obtém a geolocalização de dispositivos móveis sem autorização judicial, apenas informando o número do celular. O sistema permite rastrear o paradeiro de pessoas, acessar o histórico de deslocamento, criar alertas personalizados e identificar se duas ou mais pessoas rastreadas se reuniram.

A apuração da PF concluiu que esse sistema foi usado durante o governo Bolsonaro para espionar adversários do ex-presidente, jornalistas, autoridades públicas e ministros do STF.

Integrantes da PF afirmaram que entre as pessoas monitoradas estavam os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF); Rodrigo Maia, o ex-presidente da Câmara dos Deputados; Camilo Santana, e o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação. O jornal “O Globo” informa que documentos analisados pela PF indicam que houve tentativa de vincular Moraes e Mendes a uma facção criminosa, com o objetivo de disseminar notícias falsas.

“Abin paralela”

A PF identificou que o monitoramento era feito por uma “estrutura paralela na Abin”, que usava ferramentas da agência para ações ilícitas, “produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal”.

O FirstMile permite a consulta de até 10 mil aparelhos de celular a cada 12 meses. Em outubro, a PF afirmou que o sistema havia sido usado mais de 30 mil vezes, incluindo 2.200 usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.


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