Falso corajoso, Bolsonaro se cala em depoimento sobre golpe; militares golpistas também silenciaram

 
Alvo da Operação Tempus Veritatis, que investiga a tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à Polícia Federal nesta quinta-feira (22), em Brasília, para prestar depoimento, mas preferiu manter-se em silêncio.

Alegando desconhecer dados do inquérito, o ex-presidente tentou, dias antes, adiar o depoimento, mas a estratégia não funcionou. Bolsonaro tem garantido o direito constitucional de não produzir provas contra si, mas dizer que desconhece o conteúdo do inquérito comprova mais uma vez sua notória covardia. Durante a investigação, a PF reuniu provas robustas acerca do plano golpista, ou seja, o silêncio de Bolsonaro reforça o que os investigadores apuraram.

No contraponto, para complicar a situação de Bolsonaro, dois dos investigados responderam a todas as perguntas formuladas pela PF: Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

Tomando por base que as provas recolhidas pelos investigadores não deixam dúvidas a respeito do plano golpista, mentir aos investigadores seria pouco inteligente por parte de Costa Neto e Anderson Torres. Até porque, abriria caminho para pedido de prisão.


 
Em outro vértice dos depoimentos simultâneos que aconteceram nesta quinta-feira, optaram pelo silêncio outros investigados: Augusto Heleno (ex-chefe do GSI), Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (ex-ministro da Defesa), Walter Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência) e Ronald Ferreira de Araújo Júnior (oficial do Exército).

Entre as provas amealhadas ao longo da investigação, o vídeo da reunião ministerial comandada por Jair Bolsonaro, em julho de 2022, não deixa margem para dúvidas em relação a intenção golpista do ex-presidente.

De acordo com a PF, o então presidente da República exigiu que seus ministros, “em total desvio de finalidade das funções do cargo”, deveriam promover e replicar, em cada uma de suas respectivas áreas, todas as desinformações e notícias fraudulentas com o objetivo de colocar em xeque a confiabilidade do sistema de votação, com uso da estrutura do Estado brasileiro para “fins ilícitos e dissociados do interesse público”.

Na reunião gravada, Augusto Heleno informou ter conversado com o então diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas alertou para o perigo de os agentes infiltrados serem identificados.

Quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo da investigação e tornou público o vídeo da reunião, Bolsonaro agiu com covardia e disse que era de Heleno a responsabilidade pela infiltração de espiões em campanhas eleitorais de adversários. O ex-chefe do GSI disse a pessoas próximas que ficou revoltado por ter sido “jogado aos leões” por Bolsonaro.


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