O cerco contra os golpistas liderados por Jair Bolsonaro se fecha cada vez mais. O depoimento do ex-comandante do Exército, general da reserva Marco Antônio Freire Gomes, à Polícia Federal durou oito horas e é considerado pelos investigadores como um dos mais importantes capítulos da Operação Tempus Veritatis.
Freire Gomes prestou depoimento na última sexta-feira (1) e depois disso tornou-se alvo dos bolsonaristas, que iniciaram movimento para “fritar” o oficial militar, acusando-o de não ter agido para desmontar o acampamento de golpistas que permaneceu durante várias semanas diante do QG do Exército, em Brasília.
Na condição de testemunha, o que obriga o depoente a falar somente a verdade, o general disse que não ordenou o desmonte do acampamento por causa de Bolsonaro, pois poderia ser sacado do posto, abrindo caminho para outro comandante que talvez fosse favorável ao golpe de Estado.
O ex-comandante afirmou aos investigadores ter participado de várias reuniões em que foram discutidos os termos da “minuta do golpe”. Por outro lado, Bolsonaro, que prestou depoimento à PF em 22 de fevereiro passado, permaneceu em silêncio, mas três dias depois, em manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, admitiu a existência da minuta do golpe.
Quando se negou a endossar a tentativa golpista gestada no Palácio do Planalto, o general foi chamado de “cagão” por Walter Braga Netto, também general da reserva e candidato a vice na chapa do golpista. Agora, Freire Gomes está sendo chamado de “traidor” por ter falado a verdade e fornecido detalhes sobre o fracassado plano de golpe.
Ao dedicar o adjetivo “traidor” ao ex-comandante do Exército, a malta golpista reconhece que a tentativa de golpe existiu, não prosperando por conta de militares contrários à ruptura democrática. Além disso, no depoimento Freire Gomes atropelou o impropério desferido por Braga Netto e mostrou não ser “cagão”.
O ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, que firmou acordo de colaboração premiada no âmbito da Tempus Veritatis, será chamado a depor novamente, ocasião em que terá de explicar as razões para não ter fornecido todos os detalhes do plano golpista.
Caso hesite em falar a verdade, Cid poderá ser preso e perder os benefícios da delação premiada. A expectativa é que, após a pá de cal jogada por Gomes, o ex-ajudante de ordens feche a sepultura do golpe.
A situação de Bolsonaro e seus golpistas de plantão, que já era crítica, piorou sobremaneira após o depoimento de Freire Gomes. E deve ficar ainda pior com o novo depoimento de Mauro Cid. Isso significa que a prisão dos envolvidos no plano golpista é questão de tempo.
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