Em novo depoimento à PF, Cid terá de escolher entre falar a verdade e o risco de ser preso

 
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid presta novo depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (11) no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Preso preventivamente em 2023 e colocado em liberdade em setembro passado na esteira de acordo de colaboração premiada, Cid terá de esclarecer muitos pontos sobre o plano golpista, caso queira manter os benefícios decorrentes da delação.

O depoimento ocorre após a PF ouvir os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, o general Marco Antônio Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, respectivamente.

Um dos pontos que o ex-ajudante de ordens terá de esclarecer diz respeito ao depoimento de Freire Gomes, que assim como Baptista Júnior depôs na condição de testemunha.

No depoimento à PF, prestado no último dia 1º de março e que durou quase oito horas, o ex-comandante do Exército afirmou que Jair Bolsonaro tinha conhecimento da “minuta do golpe” e lhe apresentou o documento durante reunião presencial, quando disse que o plano seria implementado. Bolsonaro nega envolvimento com a preparação do documento.

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A versão apresentada por Freire Gomes destoa da delação de Cid. De acordo com o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro teria recebido a minuta de Filipe G. Martins, então assessor para assuntos internacionais da Presidência, mas não externou opinião sobre o documento, assim como não disse a qualquer pessoa que levaria o plano golpista adiante.

A “minuta do golpe” era o esboço de decreto a ser editado pela Presidência da República instaurando o “estado de defesa”, na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob a alegação de investigar supostos casos de abuso de poder e reestabelecer a “lisura e correição da eleição de 2022″.

Orientado pelo advogado Cezar Bittencourt, o ex-ajudante de ordens responderá a todas as perguntas a serem formuladas pelos investigadores, caso contrário poderá ser preso preventivamente se não colaborar com as investigações.

“O delegado que conduz o caso é quem sabe as perguntas que vai fazer. De minha parte, o que posso garantir é que tudo o que o Cid souber, tudo o que ele tiver conhecimento, o que conseguir explicar, ele vai fazer”, declarou ao portal de notícias G1.

Até o momento, Mauro Cid poupou o ex-presidente Jair Bolsonaro de envolvimento no plano golpista, mas diante da possibilidade de perder os benefícios da delação premiada o novo depoimento poderá causar estragos ainda maiores aos artífices da trama cujo objetivo era implodir a democracia e abolir o Estado de Direito.


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