Governadores bolsonaristas viajarão a Israel para tirar proveito político do genocídio na Faixa de Gaza

 
Se há no terreno da política ervas daninhas que proliferam de maneira preocupante, o populismo barato certamente puxa a fila. O genocídio praticado por Israel na Faixa de Gaza, onde mais de 30 mil palestinos morreram até o momento, foi transformado em ferramenta política para alguns que sofrem de anorexia intelectual e são movidos pelo oportunismo político.

Depois de defender a ação militar do governo de Tel Aviv, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mudou o discurso e disse, em entrevista, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prejudica “mais do que ajuda Israel” com a incursão criminosa em Gaza. Netanyahu “tem o direito de defender Israel, o direito de continuar perseguindo o Hamas”, disse Biden.

“Há outras maneiras de lidar com o trauma causado pelo Hamas”, pontuou o presidente americano, em referência ao ataque criminoso do Hamas que deixou 1.160 pessoas mortas, além de duas centenas de reféns. A mudança da narrativa se deve ao fato de que Joe Biden concorrerá à reeleição em novembro próximo e está de olho nos votos dos americanos de descendência árabe.

Com o conflito entre o Hamas e Israel avançando no sexto mês, políticos brasileiros tentam se aproveitar da tragédia após a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem condenado o genocídio na Faixa de Gaza.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, embarcará na próxima segunda-feira (18) para Israel, a convite de Nentanyahu. Outros governadores também foram convidados para visitar o país: Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro). Zema e Castro recusaram o convite.


 
Netanyahu também enviou carta a Jair Bolsonaro para que o golpista fracassado vá a Israel juntamente com os outros convidados. Com o passaporte apreendido por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro depende de autorização do magistrado para deixar o Brasil.

A viagem dos oportunistas ocorrerá na esteira da repercussão das declarações de Lula sobre o conflito, o que gerou desgaste político para o presidente da República entre eleitores evangélicos. É importante ressaltar que Israel não é um país católico, o que não justifica o alvoroço da comunidade evangélica, incentivado por líderes religiosos que foram largamente beneficiados durante o pior governo da história nacional.

Em cenário que tem a matança em Gaza como pano de fundo, é difícil saber quem é pior: quem convidou ou quem aceitou o convite. Considerando que a cada dois anos o Brasil tem eleições, os oportunistas já estão a arrumar as malas.

Igualmente oportunista, Netanyahu pretende usar o eventual apoio dos adeptos do bolsonarismo para justificar o injustificável. Isso porque o primeiro-ministro israelense corre o risco de ser apeado do cargo quando o conflito chegar o fim. Por essa razão a matança em Gaza não tem data para acabar.

Como temos afirmado, é preciso separar o direito de Israel de combater o grupo extremista Hamas do genocídio que ocorre na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023. A solução para o conflito, fruto de outros tantos que vêm de longe, está na criação de um Estado palestino, proposta que Israel não aceita sob o argumento falacioso da “terra prometida”.


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