O comportamento da grande imprensa brasileira, como já afirmamos em matérias anteriores, causa engulhos. O Brasil, ao longo dos anos, assistiu a um processo de mutação da inteligência e da intelectualidade, gerando uma enxurrada de especialistas. Em qualquer canto do País há sempre um especialista a postos para regurgitar seu conhecimento (sic) sobre determinado tema.
Recentemente, críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva surgiram no vácuo da declaração sobre o genocídio na Faixa de Gaza. Órgãos de imprensa passaram a criticar a declaração de Lula sobre o corre em Gaza.
Durante entrevista concedida em Adis Abeba, capital etíope, o presidente afirmou: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”.
Jornalistas, comentaristas e analistas deveriam voltar ao banco da escola e solicitar reforço em interpretação de texto. Lula não comparou o genocídio na Faixa de Gaza ao Holocausto. Somente ignaros e oportunistas de plantão conseguem enxergar nessa fala uma comparação que não existiu.
O que acontece em Gaza é genocídio, o que aconteceu na Alemanha nazista foi genocídio. Não importa a quantidade de vítimas de regimes facinorosos, pois genocídio é “extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso”. Isso aconteceu na Alemanha de Adolf Hitler, isso acontece no enclave controlado pelo grupo extremista Hamas.
A imprensa não está preocupada com o que ocorre em Gaza, algo comprovado pela sensível redução de notícias sobre a tragédia humanitária no enclave palestino. O mesmo ocorreu com a guerra na Ucrânia, que perdeu sensivelmente espaço na mídia global. Pouco se fala sobre a tragédia patrocinada pelo tiranete Vladimir Putin. Imprensa é negócio, infelizmente, por essa razão são publicadas notícias que fazem tilintar a caixa registradora. Os grandes portais são prova disso.
A declaração de Lula sobre Gaza serviu para os especialistas (sic) explicarem as pesquisas de opinião que apontaram queda na popularidade do presidente da República. À imprensa interessa os efeitos da declaração sobre as relações diplomáticas com Israel, desde que os 30 mil palestinos mortos, além de outros 2 milhões que podem morrer de fome, tenham direito a notas de rodapé.
Vencida essa pauta, a polêmica da vez é a distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras. Os especialistas e analistas insistem em fermentar o assunto sem se aterem à lógica, ao bom-senso. O governo federal é acionista majoritário da Petrobras, portanto, seria o maior beneficiado com a distribuição dos dividendos extraordinários. Tomando por base a necessidade do governo federal de fazer caixa para fechar as contas e cumprir a promessa de déficit fiscal zero, o dinheiro a ser repassado pela petrolífera viria em boa hora.
É importante ressaltar que não estamos defendendo Lula, pois esse não é o nosso compromisso, mas apenas cobrando que o jornalismo seja exercido com competência, seriedade e responsabilidade, sempre atrelado à verdade dos fatos.
A questão é que por trás dessas avalanches de críticas há um amontado de interesses escusos envolvendo ambas as situações (Gaza e Petrobras). No primeiro caso, o vil metal de grandes investidores de origem judaica continua falando grosso nas coxias de veículos de imprensa mundo afora. Isso não é novidade. Manda quem pode, obedece quem não tem juízo.
Em relação aos dividendos extraordinários da Petrobras, o mercado financeiro, sempre voraz, não gostou da decisão da cúpula estatal, por isso impulsionou analistas e especialistas (sic) na direção de uma gritaria generalizada. Instituições do mercado financeiro são anunciantes potenciais, cujas verbas de publicidade são alvo da cobiça dos veículos de imprensa. Ademais, os especialistas e analistas são contratados, com certa regularidade, para palestras dirigidas ao mercado financeiro.
O que acontece em Gaza é genocídio, o que aconteceu na Alemanha de Hitler foi genocídio. É bom lembrar que nenhum povo tem exclusividade sobre o conceito de genocídio. Sobre a Petrobras, os dividendos extraordinários serão pagos, mais adiante, o que reforçará o caixa do governo.
A liberdade de imprensa é preponderante, distorcer fatos é repugnante. Jornalismo sério e de qualidade tomo mundo gosta, mas nem todos consomem. Governo ruim merece críticas, desde que fundamentadas, como sempre fizemos nos últimos 20 anos.
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