Na seara política nada acontece por acaso. Decisões e discursos têm na maioria das vezes um interesse escuso por trás. Isso serve para a fala do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que nesta terça-feira (19) criticou a atuação da Polícia Federal.
“A Polícia Federal, que cumpre um papel institucional forte, muitas vezes tenta se desviar do foco – que é mais midiático. O combate ao tráfico de armas, ao tráfico de drogas, ao tráfico de seres humanos no Brasil é ineficaz, é ineficiente. Ninguém quer trocar tiro com bandido, o cara quer tocar ação que dê mídia, que não tenha resistência e que não faça força”, disse Lira, durante jantar da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, em Brasília.
“Os sistemas policiais brasileiros precisam se comunicar. Uma Polícia Civil que não se comunica com a Militar, que não se comunica com a Federal, que não se comunica com a Força Nacional, que não se comunica com o Exército, com as Forças Armadas, não existe”, complementou Lira, que sequer conhece o assunto.
Dentro de menos de um ano, Arthur Lira deixará a presidência da Câmara e desde já tenta pavimentar uma via que lhe garanta algum protagonismo, permitindo que continue fazendo o governo federal de refém do que há de pior na política nacional.
O presidente da Câmara deveria se preocupar com os escândalos de corrupção protagonizados por políticos dos mais distintos partidos, mas que apostam na impunidade para abrir caminho ao que no Direito Penal é conhecido como “crime continuado”.
Quem conhece os bastidores da política brasileira sabe que o balcão de negócios é alargado à medida do avanço dos interesses espúrios da maioria dos parlamentares, sem contar a imundice fétida emoldura essa prática condenável.
O papel da Polícia Federal, ao contrário do que afirma Lira, não se resume a enfrentar o crime organizado, mas combater crimes de todos os matizes, a começar pelos casos de corrupção e outras ilegalidades patrocinadas pela classe política.
Não é preciso ser especialista em aritmética para descobrir que a conta de uma candidatura política não fecha, mesmo que a notoriedade do candidato seja grande. Um candidato a deputado federal filiado a um partido de porte médio ou grande, por um estado com população mediana, gasta, na melhor das hipóteses, R$ 50 por voto. Tomando por base que muitos candidatos são eleitos com 100 mil votos, na média, uma campanha eleitoral não sai por menos de R$ 5 milhões.
Considerando que o candidato, se eleito, receberá ao longo de quatro anos de mandato pouco mais de R$ 1,531 milhão em salários (valor líquido, descontada alíquota de 27,5% referente ao Imposto de Renda), há uma diferença a ser explicada aos incautos contribuintes.
O UCHO.INFO já questionou diversos parlamentares acerca da diferença, mas todos, constrangidos, não souberam responder. A resposta é simples e desafia as regras eleitorais e o Direito Penal: alguém custeia a campanha de olho em contrapartidas futuras e nada republicanas. No caso de o eleito deixar dívidas de campanha, a quitação se dará no decorrer do mandato e sempre na esteira de negociações ilícitas.
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