Sala de concertos é alvo de ataque terrorista na Rússia

 
Um grupo de atiradores abriu fogo em sala de concertos na região metropolitana de Moscou nesta sexta-feira (22). De acordo com as autoridades russas, pelo menos 62 pessoas morreram e 145 ficaram feridas.

De acordo com as primeiras informações, um grupo formado por entre três a cinco homens armados em trajes camuflados atirou com fuzis automáticos contra as pessoas no Crocus City Hall, um auditório com capacidade para mais de 9.000 pessoas, que fica no distrito de Krasnogorsk, a cerca de 20 km da capital russa.

Uma banda chamada Picnic estava se preparando para se apresentar quando ocorreu o atentado. Os atiradores começaram a executar o ataque no hall de entrada da casa e, depois, invadiram o salão principal, de acordo com a agência de notícias Tass.

O local também foi palco de pelo menos duas explosões e foi tomado por chamas. Pelo menos 70 ambulâncias foram enviadas ao local do ataque. Imagens de vídeo nas redes sociais mostram uma grande nuvem de fumaça sobre o edifício, que também desabou parcialmente.

Em outros vídeos é possível ouvir uma grande quantidade de tiros sendo disparados, dentro e fora do auditório, enquanto centenas de pessoas tentam fugir do local. Outras imagens mostram os atiradores disparando à queima-roupa contra pessoas que se aglomeram nas saídas da sala de concerto e vítimas espalhadas pelo chão.

Não ficou claro se a polícia conseguiu neutralizar os agressores. Nenhum grupo reivindicou o ataque por enquanto, mas o atentado ocorre poucas semanas depois de as autoridades terem realizado várias ações contra células terroristas islâmicas no país.

“Grande tragédia”

O prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, classificou o ataque como uma “grande tragédia”.

“Os agressores presumivelmente abriram fogo na entrada do prédio durante um show, usando armas automáticas, e então começou um incêndio no prédio”, disseram os serviços de emergência.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia descreveu o incidente como um “ataque terrorista sangrento”. “Toda a comunidade internacional deve condenar esse crime odioso”, disse a porta-voz da pasta, Maria Zakharova.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Vladimir Putin está recebendo atualizações regulares sobre o atentado.

Yulia Navalnaya, viúva do líder da oposição russa Alexei Navalny, expressou suas condolências às vítimas do ataque. “Condolências às famílias das vítimas. Todos os envolvidos neste crime devem ser encontrados e responsabilizados”, escreveu ela na rede X.

Ucrânia afirma não ter relação com ataque

O governo dos EUA, por sua vez, chamou o ataque de “terrível”, mas disse que não havia sinal imediato de qualquer ligação com a guerra na Ucrânia. “Não há nenhuma indicação, neste momento, de que a Ucrânia ou os ucranianos estejam envolvidos”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, a repórteres em Washington. “Eu os desestimularia, neste momento, qualquer conexão com a Ucrânia”, disse.

O gabinete do presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse que Kiev não tem “nada a ver” com o ataque. “Vamos deixar claro que a Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com esses eventos”, disse o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak.


 
O atentado é o primeiro grande ataque terrorista registrado na Rússia desde o início da guerra de agressão lançada pelo Kremlin contra a Ucrânia, em 2022. Horas antes do atentado, a Rússia lançou um de seus maiores ataques com mísseis e drones contra a infraestrutura energética da Ucrânia. Autoridades ucranianas disseram que pelo menos dez regiões do país foram atingidas e que mais de 1 milhão de famílias ficaram sem eletricidade na manhã desta sexta.

EUA alertaram cidadãos

No início deste mês, os Estados Unidos emitiram uma série de avisos para que seus cidadãos não tomassem parte em aglomerações públicas na Rússia. Em 8 de março, a embaixada dos EUA em Moscou escreveu que estava “monitorando relatos de que extremistas têm planos iminentes de atacar grandes reuniões em Moscou, incluindo concertos, e os cidadãos dos EUA devem ser aconselhados a evitar grandes aglomerações nas próximas 48 horas”.

Os avisos vieram logo após a Rússia ter relatado que havia frustrado um ataque planejado por um grupo afegão ligado ao Estado Islâmico. No dia 7 de março, as autoridades russas afirmaram que mataram vários membros de uma célula do grupo Estado Islâmico Khorasan (IS-K), um ramo do EI. Segundo as autoridades, o grupo planejava atacar uma sinagoga em Moscou.

Recentemente, as autoridades russas também realizaram uma série de incursões contra separatistas islâmicos armados na região da Inguchétia.

Outros atentados em Moscou

O ataque desta sexta-feira evoca o atentado terrorista contra um teatro em Moscou em 2002, quando terroristas tchetchenos tomaram 912 reféns durante a apresentação de um musical. No final, uma violenta operação de resgate por parte das autoridades com uso de gás resultou na libertação de centenas de reféns, mas também na morte de 132.

O último grande atentado em Moscou ocorreu em 2011, quando 37 pessoas morreram numa explosão no aeroporto internacional de Domodedovo. Na época, um grupo islâmico ligado à rede Al-Qaeda reivindicou a ação.

Depois disso, em 2017, 14 pessoas foram mortas em uma explosão no metrô de São Petersburgo. Ataques suicidas também mataram 34 pessoas em Volgogrado em 2013, semanas antes dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi. (Com agências internacionais)

Matéria alterada às 20h34 para atualização de dados


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.