Na esteira de polêmico episódio que sugere incidente diplomático, a embaixada da Hungria em Brasília decidiu demitir dois funcionários por causa do vazamento das imagens das câmeras de segurança, que mostram Jair Bolsonaro nas dependências da representação húngara. Os demitidos são o secretário do embaixador no Brasil e o encarregado de manutenção.
A presença de Bolsonaro na Embaixada da Hungria foi revelada pelo jornal “The New York Times”, cuja reportagem exibiu vídeos em que o ex-presidente aparece entrando e saindo do prédio, assim como como o momento em que conversa com o embaixador e recebe de um funcionário roupa de cama.
Chamado ao Itamaraty para dar explicações sobre a permanência de Bolsonaro na representação diplomática da Hungria em Brasília, o embaixador do país europeu, Miklós Halmai, permaneceu em silêncio, limitando-se a conversar por telefone com autoridades de Budapeste.
Bolsonaro hospedou-se na Embaixada da Hungria durante o feriado do último Carnaval, dias após ter o passaporte apreendido pela Polícia Federal no âmbito da Operação Tempus Veritatis. O ex-presidente, que fracassou na tentativa de um golpe de Estado, temia ser preso e buscou refúgio na representação diplomática.
De acordo com o Direito Internacional, embaixadas são invioláveis porque representam território estrangeiro. Resumindo, um cidadão que está nos limites de qualquer representação diplomática não pode ser alvo de mandados de busca ou de prisão expedidos por autoridades nacionais, exceto quando ocorre um crime previsto na legislação.
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A alegação de Bolsonaro de que permaneceu na embaixada durante dois dias para conversar com autoridades húngaras foi por terra quando imagens de câmeras de segurança registraram a presença do filho Carlos Bolsonaro no local.
Em que pese o fato de os vídeos não terem sido divulgados pela Embaixada da Hungria, a decisão de demitir os dois funcionários reforça a tese de que Bolsonaro temia ser preso e buscou refúgio. A possibilidade de obtenção de um passaporte húngaro para fugir do País não deve ser desconsiderada, como já destacamos, mas o ex-presidente precisaria de salvo-conduto do governo brasileiro para chegar ao aeroporto de Brasília e rumar para Budapeste.
Em matérias anteriores enfatizamos que eventual fuga de Bolsonaro é possível, mesmo que o ex-presidente negue. Mesmo sem passaporte, qualquer cidadão brasileiro pode viajar para alguns países sul-americanos usando apenas a carteira de identidade (a recíproca também é válida). Em território estrangeiro, Bolsonaro poderia procurar uma representação diplomática da Hungria e requerer asilo político.
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