Possibilidade de fuga de Bolsonaro é real e prisão preventiva continua no radar do Supremo

 
Termina nesta quarta-feira (27) o prazo para Jair Bolsonaro explicar a estada na embaixada da Hungria, em Brasília, quatro dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinar a apreensão do seu passaporte.

A defesa do ex-presidente alegará que ele não temia ser preso e foi convidado a se hospedar na representação diplomática húngara, onde foi possível conversar com autoridades do país europeu, “atualizando os cenários político das duas nações. São necessárias elevadas doses de tolice para acreditar nessa alegação, principalmente porque Bolsonaro hospedou-se na embaixada em pleno feriado de carnaval.

Apesar de qualquer cidadão ter garantido o direito de ir e vir, a justificativa de Bolsonaro mostra, no primeiro momento, que o objetivo era tratar de eventual asilo e fustigar o STF, que o proibiu de deixar o País.

Há nesse episódio alguns pontos que merecem destaque. Ninguém se hospeda em uma representação diplomática para conversar com autoridades do país, uma vez que os diálogos podem ocorrer por meios telefônicos e digitais. Em suma, a hospedagem na embaixada da Hungria foi uma clara tentativa de evitar eventual prisão, que ainda não ocorreu, mas não tardará.

O segundo ponto é que o ex-presidente descumpriu a decisão judicial, pois ao permanecer na embaixada húngara saiu do território nacional. Esse detalhe, por si só, enseja a decretação de prisão preventiva, que não poderia ser cumprida caso ele ainda estivesse refugiado na embaixada.


 
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Mesmo com a possibilidade de obtenção de asilo político, Jair Bolsonaro precisaria de salvo-conduto do governo brasileiro para deixar a embaixada e rumar ao aeroporto de Brasília e, na sequência, seguir para a Hungria. Fora da embaixada, o ex-presidente seria preso pelas autoridades brasileiras.

A permanência na embaixada serviu para Bolsonaro e seus aliados avaliarem possíveis desdobramentos da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que investiga o fracassado plano de golpe de Estado.

Um auxiliar de Bolsonaro afirmou que o ex-presidente chegou à embaixada uma hora após convocar um ato para o dia 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. “Quem vai pedir asilo em embaixada não convoca ato na Paulista para duas semanas depois”, disse o estafeta bolsonarista.

O UCHO.INFO insiste na tese de que a possibilidade de fuga é real e enorme, mesmo que Bolsonaro esteja sem passaporte. Viajar para alguns países da América do Sul é possível usando apenas a carteira de identidade, ou seja, o ex-presidente pode empreender fuga a qualquer momento. Basta buscar refúgio em qualquer representação diplomática húngara e requerer asilo político.

Considerando que o primeiro-ministro da Hungria, o ultradireitista Viktor Orbán, e Bolsonaro têm boas relações por questões ideológicas, a obtenção de um passaporte húngaro não é a tarefa das mais desafiadora, pelo contrário. Com o documento em mãos, o golpista poderá seguir viagem para Budapeste. Bolsonaro não é corajoso o suficiente para ser um mártir atrás das grades.


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