O governo de São Paulo retomou a Operação Escudo no litoral de São Paulo após o desaparecimento do policial militar Luca Romano Angerami. O PM, de 21 anos, sumiu na madrugada de domingo (14) na Baixada Santista. De acordo com as autoridades, ele foi visto pela última vez perto de um ponto de tráfico de drogas na cidade de Guarujá.
Luca é filho de Renzo Angerami, investigador da Polícia Civil, e neto de Alberto Angerami, delegado de polícia aposentado que foi delegado-geral de São Paulo e diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Em julho de 2023, a Operação Escudo foi deflagrada na região após a morte Patrick Bastos Reis, policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo e que já foi comandada pelo atual secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite. Na ocasião, o policial foi baleado durante patrulhamento em Guarujá.
Dados divulgados à época pela Secretaria da Segurança Pública mostram que 958 pessoas foram presas e 28 suspeitos morreram em confrontos com policiais, ao longo de 40 dias de operação na Baixada Santista. Em 2024, com o nome de “Operação Verão”, a PM matou 56 pessoas no litoral.
Ambas as operações foram alvo de críticas de especialistas na área de segurança pública e de entidades de defesa dos Direitos Humanos por causa da violência empregada e possíveis abusos policiais.
O governo de São Paulo esclarece que a Operação Escudo é protocolar, independentemente da região onde ocorre. Sempre que um policial ou agente de segurança pública encontra-se em situação de ameaça, o protocolo é acionado e a operação retomada.
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Há nos intramuros da PM uma regra, não confirmada publicamente, que para cada policial morto, ao menos quinze criminosos devem morrer. O papel do Estado não é matar por revanchismo, mas combater o crime e garantir segurança à população. No caso de confronto com criminosos, tomadas as devidas precauções, mortes são inevitáveis. Quando inocentes ou suspeitos são executados, algo errado há na política de segurança pública.
Nesta quarta-feira (17), o governador Tarcísio de Freitas negou que a Operação Escudo foi retomada. “Não, não. Nada disso, não tem Operação Escudo”, disse Tarcísio a jornalistas.
“O reforço no policiamento sempre há. Essa questão do policiamento é dinâmica. A Baixada Santista é muito importante e vem sofrendo muito com o crime organizado ao longo do tempo”, completou.
Na contramão da declaração do governador, oficiais da Polícia Militar confirmaram a órgãos de imprensa a retomada da Operação Escudo. Afinal, o envio de 250 policiais militares à Baixada Santista para reforçar a busca por Luca Angerami fala por si.
O recuo em relação à retomada da operação policial na Baixada Santista, se confirmado, tem explicação lógica. O acionamento das forças de segurança apenas quando policiais são mortos por criminosos ou desaparecem mostra que a vulnerabilidade da população diante da escalada do crime nada representa para o Estado.
O combate ao crime não se faz com violência e tiros disparados para todos os lados, mas com inteligência policial, modelo adotado com sucesso por diversos países. O Estado tem o dever de garantir segurança ao cidadão, que paga caro por direitos que são solenemente ignorados.
Tarcísio de Freitas está de olho no Palácio do Planalto, mas não descarta a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. Diante desse cenário, o recuo em relação à operação policial tem interesses políticos. Não fossem as questões eleitorais, a PM já estaria barbarizando na Baixada Santista.
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