Em vez de cobrar Alckmin e Haddad, presidente deveria reagir às ameaças e chantagens do Congresso

 
Tão logo foi eleito para o terceiro mandato presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva tinha consciência de que faria o seu pior governo, principalmente por causa do deteriorado cenário político, onde o chamado presidencialismo de coalizão transformou-se em terreno fértil para chantagens de todos os naipes.

Lula é extremamente habilidoso e persuasivo em termos políticos, mas tais predicados estão sendo corroídos pelos interesses espúrios do chamado “centrão”, bloco parlamentar informal que, como há muito temos afirmado, reúne o que há de pior na política nacional.

Nesta segunda-feira (22), durante evento no Palácio do Planalto, Lula pediu para Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, para “mais ágil”. O presidente não perdeu a chance e sugeriu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para que deixe de ler livros e passe mais tempo dialogando com deputados e senadores. Também sobrou cobranças para os ministros Wellington Dias e Rui Costa.

“Isso significa que o Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington [Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social], o Rui Costa [ministro da Casa Civil], passar maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B”, afirmou o presidente.


 
Por ocasião da montagem da equipe de governo, Lula sabia do risco da sua receita de mesclar companheiros da esquerda com políticos profissionais, que fazem do mandato eletivo uma ferramenta criminosa de chantagem contínua.

Com a pressão do “centrão” crescendo de forma descontrolada, a ponto de ameaçar a governabilidade, Lula começou a ceder espaço na equipe ministerial para representantes de uma dita base de apoio, mas que conspira contra o governo quando não tem interesses atendidos de imediato.

Se o governo “Lula 3” ainda sobrevive no cenário interno, por certo Geraldo Alckmin e Fernando Haddad têm grande participação nessa operação de salvamento. Em vez de disparar carraspanas a Alckmin e Haddad, o presidente deveria vir a público e reconhecer que o governo é refém do Congresso, que cobra caro para votar matérias que interessam ao governo e ao País. Não sem antes abrir caminhos para a oposição golpista.

Ministérios com orçamentos bilionários são alvo da cobiça do “centrão”, que recorre a estratégias rasteiras para emparedar o governo, como, por exemplo, a criação da CPIs e os pedidos de impeachment que dormitam na escrivaninha da presidência da Câmara dos Deputados. Mesmo assim, Lula abriu espaço na agenda desta segunda-feira para receber, extraoficialmente, Arthur Lira.

Bom seria se o presidente Lula, além de revelar como se dá a relação com o Congresso, pedisse para a “companheirada” não atrapalhar e promovesse uma urgente reforma ministerial, trocando apaniguados por nomes com competência comprovada. É bom lembrar que governo não é o sindicato da esquina mais próxima, onde a ideologia política não cede espaço para o bom-senso.


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