Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos

 
Portugal celebra nesta quinta-feira o 50º aniversário do 25 de Abril, com sessão solene no Parlamento e o desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Celebrações estão previstas em todo o país.

O programa começou com cerimônia militar no Terreiro do Paço, em Lisboa, com a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que na sequência participou de evento no Parlamento português.

Para marcar no Parlamento a passagem de meio século sobre o golpe de Estado que pôs fim à ditadura de Oliveira Salazar e Marcello Caetano, os líderes dos partidos PS Chega, Iniciativa Liberal, BE, PCP e Livre farão pronunciamentos.

O PSD, partido presidido pelo atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, que não discursará na sessão, optou por incluir entre os oradores a jovem deputada Ana Gabriela Cabilhas, de 27 anos.

Como de costume, os discursos seguiram a ordem crescente de representação parlamentar, cabendo o primeiro à deputada Inês de Sousa Real (PAN), seguindo-se Paulo Núncio (CDS), Rui Tavares (Livre), Paulo Raimundo (PCP), Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda), Rui Rocha (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Pedro Nuno Santos (PS) e Ana Gabriela Cabilhas, terminando com o presidente do Parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, e o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Ao final da sessão solene, o presidente da República foi ao salão nobre do Parlamento visitar a exposição “A Nós a Liberdade”, organizada com a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva e que foi oficialmente inaugurada na terça-feira (23). À tarde, o Parlamento abriu as portas ao público para um programa gratuito que inclui exposições, teatro e música.


 
O primeiro-ministro participa também de almoço com 50 jovens de diversas áreas, da cultura ao esporte ou ao voluntariado, na residência oficial de São Bento. O espaço estará aberto ao público a partir das 15h30, com um programa cultural que incluiu a apresentação do músico António Zambujo.

Marcelo Rebelo abrirá Palácio de Belém ao público e estará, a partir das 18h, em cerimônia com presidentes de países de língua portuguesa no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Em comemoração aos cinquenta anos da Revolução dos Cravos, o habitual desfile na Avenida da Liberdade reuniu líderes políticos e contou com a presença do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco. (Com agências internacionais)

História

A Revolução dos Cravos foi o desfecho de uma situação que começou muitos anos antes, com movimentos de independência das colônias portuguesas. Depois da Segunda Guerra Mundial, a colonização passou a ser vista como um atentado à liberdade dos povos. Esforços internacionais foram feitos para forçar Portugal a conceder independência aos seus “territórios ultramarinos”.

Com a entrada de Portugal na Organização das Nações Unidas em 1955, a situação complicou-se ainda mais, dando início a uma polêmica diplomática que seguiria até o ano de 1974.

A partir de 1961, o que era uma batalha diplomática se transformou em guerrilhas separatistas nos territórios coloniais, com inúmeras revoltas e atos de terrorismo. Em Angola, a guerrilha começou em 1961; na Guiné, em 1963; e em Moçambique, em 1964.


 
Mesmo com grande esforço militar, as baixas portuguesas durante as Guerras Coloniais foram enormes, considerando-se a população do país (menos de 9 milhões de habitantes à época). Foram cerca de 10 mil soldados mortos e 20 mil feridos com sequelas, sem contar mais de 100 mil homens com estresse pós-traumático.

Com tantas baixas e uma população insatisfeita, os efeitos das Guerras Coloniais tiveram relação direta com o fim da ditadura em Portugal. As pressões não eram mais apenas internacionais. Internamente, o país enfrentava uma população hostil diante da guerra e do militarismo.

Mas foi do Exército que partiu o movimento que acabaria definitivamente com a ditadura. À meia-noite do dia 25 de abril de 1974, os soldados saíram dos quartéis, tomaram as ruas de Lisboa e exigiram a deposição de Marcello Caetano, então presidente do Conselho do Estado Novo.

Naquela noite, a população distribuiu cravos em forma de agradecimento aos soldados rebeldes. A imagem dos militares com cravos nas armas ficou na memória dos portugueses como o símbolo de uma revolução sem violência.

Os rebeldes instituíram uma Junta de Salvação, responsável por fazer a transição do regime e dar fim às instituições ditatoriais, como a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Pide) e a censura.

Dias após a revolta, líderes dos partidos de oposição, como Mário Soares (Partido Socialista) e Álvaro Cunhal (Partido Comunista), voltaram do exílio. A música que embalou a Revolução dos Cravos foi “Grândola, Vila Morena” (confira abaixo), de autoria de Zeca Afonso. (Com agências internacionais)

 

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