Tragédia ambiental e humanitária no Rio Grande do Sul não pode ser politizada

 
O Rio Grande do Sul é palco da maior catástrofe ambiental da história do País, mas autoridades insistem em politizar a tragédia humanitária, por vias transversas e a reboque de discursos modorrentos e aparentemente corretos.

O governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), relatou a correligionários estar insatisfeito com a indicação, ainda não confirmada, do petista Paulo Pimenta para comandar o ministério extraordinário que cuidará das ações do governo federal visando a reconstrução do estado sulista. É o que revela o jornalista Tales Faria, do portal UOL.

Natural de Santa Maria (RS), Pimenta é deputado federal pelo PT e licenciou-se do mandato para assumir a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, em janeiro de 2023, quando estreou o terceiro governo Lula.

No início de 2018, afirmamos que o PSDB estava em processo irreversível de desidratação política e não demoraria muito para se tornar um partido pequeno e inexpressivo. Esse movimento de minguante partidário ganhou força com a chegada de João Dória Júnior, que conseguiu a proeza de liquidar com o tucanato.

O governo federal enviou ao Congresso Nacional proposta para suspender por três anos a dívida do Rio Grande do Sul com a União e zerar taxas de juro, o que proporcionará alívio de R$ 11 bilhões às finanças do estado, mas na opinião de Leite o montante é insuficiente. Estima-se que a reconstrução do Rio Grande do Sul custará aproximadamente R$ 100 bilhões, o que equivale ao estoque da dívida gaúcha com a União.


 
Eduardo Leite poderia ter evitado a adoção de medidas que contribuíram para o desastre ambiental, em movimento para atender às demandas de aliados políticos, mas mesmo diante da tragédia não desiste de politizar o caos.

O governador sabe que o fracasso na reconstrução do estado será a derradeira pá de cal na sepultura do PSDB. Externar insatisfação com a indicação de Paulo Pimenta para cuidar as ações federais em prol do Rio Grande do Sul em nada alivia a situação dos cidadãos afetados pelas inundações, assim como não reerguerá os municípios devastados.

A solução da grave situação enfrentada pelo Rio Grande do Sul deveria passar ao largo das questões políticas e ideológicas, mas essa não é realidade. No momento, políticos se esforçam para mostrar serviço ao eleitorado, de olho nas eleições futuras.

Diante de um cenário irreversível que não contempla a coerência e o bom-senso, as autoridades têm o dever de unir esforços para solucionar os efeitos da catástrofe, mesmo estando em lados políticos opostos. O desafio do momento é resgatar a dignidade de quem foi afetado pelo desastre.

Ao governador gaúcho não cabe escolher quem cuidará das ações federais em prol do Rio Grande do Sul e da sua população. O diálogo entre as partes precisa ser mantido em bom nível, tendo a solução dos efeitos da catástrofe como meta única. Leite e Pimenta, assim como PSDB e PT, têm planos políticos no estado, algo que não cabe no quadro atual. Se o PSDB luta para renascer, o PT precisa se reinventar.


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