Biden desiste de concorrer à reeleição e declara apoio à vice Kamala Harris

 
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na tarde deste domingo (21) que desistiu de disputar a reeleição e declarou apoio à sua vice, Kamala Harris, ara que assuma a cabeça da chapa como candidata à Presidência.

“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden em um comunicado publicado neste domingo na rede X. “Falarei à Nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.”

O primeiro texto publicado não indicava quem Biden deseja ver disputando a eleição no seu lugar, mas em mensagem posterior ele apontou que apoia a vice-presidente, Kamala Harris, para assumir a candidatura.

“Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso.”

Os democratas terão agora que oficializar uma nova chapa na convenção do partido, prevista para agosto, em Chicago.

Não está claro se todos os delegados democratas vão aceitar Harris como substituta. Muitos democratas que fizeram pressão pública para que Biden desistisse não citaram Harris necessariamente como uma substituta e há possibilidade de que outros nomes do partido tentem disputar a nomeação para a cabeça de chapa.

Nas semanas em que Biden sofreu pressão para desistir, outros nomes além de Harris chegaram a ser cotados, como os governadores Gavin Newsom (Califórnia), J.B. Pritzker (Illinois), Josh Shapiro (Pensilvânia) e Gretchen Whitmer (Michigan), além do secretário de Transportes, Pete Buttigieg.

Mas uma eventual candidatura de Harris tem uma vantagem considerável sobre outros potenciais democratas: na condição de vice, sua candidatura poderia continuar acessando as dezenas de milhões de dólares que já foram doados para a chapa quando Biden ainda pretendia concorrer. Qualquer outro candidato teria que recomeçar praticamente do zero.


 
Debate desastroso

A decisão de Biden foi anunciada semanas após um desastroso desempenho em debate televisivo contra o ex-presidente Donald Trump. Durante o duelo, Biden falou com voz rouca, gaguejou várias vezes, teve que se corrigir repetidamente e, em alguns momentos, pareceu mais tímido e menos concentrado que seu rival.

A performance gerou especulações sobre se o democrata – que aos 81 anos é o presidente mais velho da história dos EUA – teria condições para exercer um segundo mandato como chefe de governo americano.

Durante o duelo na TV, a Casa Branca afirmou que Biden estava resfriado. Mas logo após o fim do debate, cada vez mais vozes diziam que os democratas não podiam mais ignorar a discussão sobre se Biden é mesmo o candidato certo para derrotar Trump.

Abrindo uma mesa-redonda pós-debate, o apresentador da CNN John King disse haver “um pânico profundo, amplo e muito agressivo no Partido Democrata” após o desempenho “desanimador” de Biden.

Pressão

Nas últimas semanas, a pressão foi crescendo no próprio partido do presidente, com diversos membros da legenda vindo a público pedir para que ele desistisse da campanha à Casa Branca. O governante teve que se pronunciar mais de uma vez, negando que pudesses desistir da candidatura.

Jornais americanos chegaram a elaborar placares contabilizando deputados e outros democratas com mandato que vieram a público para pedir que Biden desistisse.


 
Um deles foi o influente deputado Adam Schiff, da Califórnia. Ele pediu a Biden que “passe a tocha”, em declaração ao jornal Los Angeles Times, tornando-se o democrata de maior peso a apelar para que o presidente desista da candidatura e o primeiro a tomar essa posição após a tentativa de assassinato contra Donald Trump.

A preocupação, segundo a mídia americana, também foi compartilhada por muitos outros membros do Partido Democrata que preferiram manter suas opiniões em privado. Já grandes doadores da sigla começaram a se perguntar se estavam investindo fortunas em uma causa perdida.

O ator e diretor George Clooney, doador democrata altamente influente e um dos maiores apoiadores da reeleição de Biden, também chegou a publicar um artigo no jornal “The New York Times” pedindo a desistência do mandatário.

Coletiva marcada por gafes

Tentando dar um fim aos rumores, Biden também chegou a agendar uma coletiva de imprensa logo após o fim da cúpula da Otan realizada em Washington. Por cerca de uma hora, Biden falou sobre diversos temas da política internacional e insistiu perante os jornalistas ser “a pessoa mais qualificada para concorrer à presidência”, garantindo que derrotaria Trump mais uma vez e que queria “concluir o trabalho que comecei”.

Contudo, a entrevista foi ofuscada por gafes do chefe de governo. Logo no começo da entrevista, ele trocou o nome de sua vice, Kamala Harris, pelo de Donald Trump. Momentos antes, durante um evento na cúpula da Otan, apresentou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como “presidente Putin”, para se corrigir logo em seguida. Os lapsos acabaram dando mais combustível às especulações sobre o estado físico e mental do governante. (Com agências internacionais)


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