Venezuela: Maduro e Urrutia reivindicam vitória nas urnas

 
Com 80% das urnas apuradas nesta segunda-feira (29), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reivindicou a vitória nas eleições para presidente, com 51,2% dos votos, contra 44,2% de seu principal adversário, Edmundo González Urrutia, citando dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O resultado, no entanto, é contestado pela oposição, que apresentava larga vantagem nas pesquisas eleitorais e clama vitória de Urrutia com mais de 70% dos votos.

Nas ruas da capital, Caracas, um misto de raiva, lágrimas e incredulidade seguiu o anúncio dos resultados pelo CNE, órgão controlado por Maduro. No domingo, os eleitores fizeram filas antes do amanhecer para votar, aumentando as esperanças da oposição de que dariam um fim ao governo de 11 anos de Maduro. O resultado foi um choque para os membros da oposição, que até então apostavam numa vitória esmagadora de González.

“Os venezuelanos e o mundo inteiro sabem o que aconteceu”, disse González em um de seus primeiros comentários após o anúncio da CNE, referindo-se a supostas fraudes e manipulação.

O presidente venezuelano, por sua vez, que agora mira um terceiro mandato consecutivo de seis anos, celebrou o resultado e disse que o pleito constitui “um triunfo da paz e da estabilidade”, ao mesmo tempo que reiterou a sua afirmação de campanha de que o sistema eleitoral da Venezuela é “transparente”.

Na sua primeira reeleição, em 2018, o CNE informou que Nicolás Maduro havia vencido com 67% dos votos. Na época, o resultado também foi contestado pela oposição, por parte da sociedade e pela comunidade internacional. O pleito de 2018 foi considerado ilegítimo por 14 países sul-americanos (entre eles o Brasil), pela União Europeia e pelos Estados Unidos.


 
Denúncias de irregularidades

Ao longo do domingo, a coalização da oposição Plataforma Unitária Democrática (PUD) alertou sobre um “padrão” para impedir a presença de testemunhas eleitorais na contagem dos votos, que, segundo a Lei, deve ser pública.

Em nome da coligação, a ex-deputada Delsa Solórzano disse que a CNE “paralisou” a transmissão dos resultados presidenciais num “número significativo” dos 15.767 centros de votação. Denúncias de fechamento de seções eleitorais e outras irregularidades também correram pelas redes sociais.

Reações da comunidade internacional

O anúncio da vitória de Maduro provocou reações de líderes internacionais. Em visita ao Japão, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que os Estados Unidos estão “seriamente preocupados” com o resultado.

“Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano”, disse a jornalistas em Tóquio. Ele pediu às autoridades eleitorais venezuelanas para que publiquem os resultados completos de forma transparente e imediata, indicando que os EUA e a comunidade internacional vão responder em conformidade.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, também apelou à “total transparência do processo eleitoral” na Venezuela.

“Os venezuelanos votaram sobre o futuro do país de forma pacífica e em grande número. A vontade deve ser respeitada. É essencial garantir a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem pormenorizada dos votos e o acesso [aos documentos] das assembleias de voto”, afirmou Borrell numa mensagem publicada nas redes sociais.


 
O presidente chileno, Gabriel Boric, disse que os resultados anunciados pela autoridade eleitoral venezuelana são “difíceis de acreditar”, ao mesmo tempo que exigiu “total transparência das atas e do processo, e que os observadores internacionais não comprometidos com o governo tenham em conta” a veracidade dos resultados”. “Do Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável”, acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González-Olaechea, anunciou na rede X que chamaria o embaixador peruano na Venezuela para consultas “em vista dos anúncios oficiais muito sérios das autoridades eleitorais venezuelanas”.

Também na mesma plataforma, o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, “repudiou categoricamente a proclamação de Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana da Venezuela, que consideramos fraudulenta”.

Para o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, “não se pode reconhecer um triunfo se não se confia na forma e nos mecanismos utilizados para alcançá-lo”. “Era um segredo aberto. Eles iriam ‘ganhar’ sem prejuízo dos resultados reais. O processo até o dia da eleição e a contagem dos votos foi claramente falho”, acrescentou em sua conta no X. (Com Deutsche Welle)


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