Se não estivesse tão fora de moda…

(*) Lêda Lacerda

Se não estivesse tão fora de moda… iria falar de Amor. Daquele amor sincero, olhos nos olhos, frio no coração, aquela dorzinha gostosa de ter muito medo de perder tudo.

Daqueles momentos que só quem já amou um dia conhece bem.
 
Daquela vontade de repartir, de conquistar todas as coisas, mas não para retê-las no egoísmo material da posse, mas para doá-las no sentimento nobre de amar.

Se não estivesse tão fora de moda…

Eu iria falar de Sinceridade.

Sabe, aquele negócio antigo de Fidelidade. Respeito mútuo. E aquelas outras coisas que deixaram de ter valor?

Aquela sensação que embriaga mais que a bebida; que é ter, numa pessoa só, a soma de tudo que às vezes procuramos em muitas…

A admiração pelas virtudes e a aceitação dos defeitos, mas, sobretudo, o respeito pela individualidade, que até julgamos nos pertencer, mas que cada um tem o direito de possuir.

Se não estivesse tão fora de moda…

Eu iria falar em Amizade.

Na amizade que deve existir entre duas pessoas que se querem bem.

O apoio, o interesse, a solidariedade de um pelas coisas do outro e vice-versa. A união além dos sentimentos, a dedicação de compreender para depois gostar…

Se não estivesse tão fora de moda…

Eu iria falar em Família. Sim… Família!

Essa instituição que ultimamente vive a beira da falência, sofrendo contínuas e violentas agressões. Pai, Mãe, Irmãos, Irmãs, Filhos, Lar…

Aquele bem maior de ter uma comunidade unida, pelos laços sanguíneos e protegidas pelas bênçãos divinas. Um canto de paz no mundo, o aconchego da morada, a fonte de descanso e a renovação das energias…

E depois iria, até quem sabe, falar sobre algo como… a Felicidade.

Mas é uma pena que a felicidade, como tudo mais, há muito tempo já esteja tão fora de moda e tenha dado seu lugar aos modismos da civilização.

Ainda assim, gostaria que a sua vida fosse repleta dessas questões tão fora de moda e que, sem dúvida, fazem a diferença!

Afinal, que mal faz ser um pouquinho “careta”.

(*) Lêda Lacerda – paulistana, estudou no Colégio Rio Branco e formou-se em enfermagem pela USP. Sempre se interessou por moda e nas horas vagas por escrever sobre experiências de vida. Anos mais tarde, ingressou profissionalmente no universo da moda, tendo também se dedicado à formação de modelos e atores. A paixão pela escrita permanece até hoje, hobby que usa para traduzir em letras a emoção e o amor que marcam seu cotidiano.

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