Ditador venezuelano se irrita com o Brasil e convoca embaixador

Em novo capítulo das rusgas diplomáticas entre Brasil e Venezuela desde a contestada reeleição de Nicolás Maduro, Caracas convocou nesta quarta-feira (30) seu embaixador em Brasília a voltar ao país.

Na diplomacia, o ato de convocar um embaixador é uma forma de demonstrar irritação com o país anfitrião.

O país também convocou o representante de negócios do Brasil para dar explicações – a embaixadora, Glivânia Oliveira, está de férias –, e ameaça declarar o assessor especial de Assuntos Exteriores, Celso Amorim, como “persona non grata”.

O gesto, segundo nota divulgada por Caracas, é uma resposta “às recorrentes declarações intervencionistas e grosseiras” de representantes do governo brasileiro, “em particular as feitas” por Amorim, a quem chamou de ”mensageiro do imperialismo norte-americano”.

Um dia antes, em audiência na Câmara dos Deputados, Amorim atribuiu o veto recente do Brasil à entrada da Venezuela no BRICS à “quebra de confiança” na eleição presidencial. Maduro foi declarado reeleito em um processo controverso e não transparente. Amorim acompanhou a votação como observador.

“No caso da Venezuela, houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral, algo nos foi dito e não foi cumprido”, disse Amorim, sem citar nomes e esquivando-se de dizer aos deputados se considerava ou não o país como uma ditadura.

A nota do ministério venezuelano das Relações Exteriores afirma que Amorim emite “juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas”.

Brasil não reconheceu reeleição de Maduro

No poder há 11 anos, Maduro foi declarado vencedor em uma eleição contestada pela oposição e por órgãos internacionais. O resultado foi oficializado por Caracas sem a divulgação das atas eleitorais, a despeito da pressão internacional por transparência e em meio a amplas suspeitas de fraude.

Por causa disso, o Brasil até agora não reconheceu a reeleição de Maduro. Mais recentemente, o país também barrou a entrada da Venezuela no Brics, grupo de economias emergentes liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A atitude foi classificada por Caracas como “antilatino-americana”, “irracional” e “desproporcional”. (Com agências internacionais)

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