Câmara trava votação da PEC do corte de gastos; 90% do mercado avalia negativamente o governo

Há inequívoco paradoxo no cenário do arcabouço fiscal e do pacote de corte de gastos apresentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O mercado financeiro, que não se interessa por pautas sociais, pressionou o governo para que o plano de corte de gastos fosse suficiente para alcançar as metas fiscais. Banqueiros, que não madrugam para fazer caridade, chegaram a definir o valor mínimo do corte de gastos – R$ 60 bilhões.

Após a apresentação do pacote, que prevê economia de R$ 327 bilhões em cinco anos, o mercado financeiro continuou criticando. A contrariedade era esperada, pois aos donos do capital interessa manter a taxa básica de juro nas alturas, o que permite remuneração atrativa dos títulos do Tesouro Nacional. A consequência surgiu no mercado de câmbio. Com o dólar comercial cotado acima de R$ 6,00. Em outras palavras, os especialistas (sic) do mercado insistem em apostar contra o País.

Ao mesmo tempo, o mercado saiu em defesa do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, com o intuito de preservá-lo em termos políticos. Há um contrassenso nesse movimento. Afinal, critica-se a proposta de corte de gastos, mas sai em defesa de Haddad.

Por outro lado, como previsto, o Congresso Nacional acionou a alavanca da chantagem para pressionar o governo no campo das emendas parlamentares. Deputados e senadores se dispõe a votar a PEC número 45/2024, conhecida como PEC do Corte de Gastos, desde que o governo libere recursos para o pagamento das emendas. Em suma, chantagem escancarada.

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Preocupados apenas com os próprios interesses, não com os dos brasileiros, os parlamentares fatiaram a proposta enviada pelo governo, deixando para depois a votação da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000,00 mensais. Alegaram que o Palácio do Planalto está fazendo populismo barato.

Para viabilizar a votação da PEC 45 em regime de urgência, o governo se movimentou para liberar R$ 7,8 bilhões em emendas. Mesmo assim, a matéria não alcançou consenso na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Será pautada diretamente na votação em plenário.

O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2024 apresentou alta de 0,9%, de acordo com o IBGE; o desemprego está em queda e o número de vagas de trabalho cresceu; o País alcançou os menores índices de pobreza e extrema pobreza, mas esse cenário não agrada ao mercado financeiro.

Pesquisa do instituto Quaest, divulgada nesta quarta-feira (4), aponta que o governo do presidente Lula tem avaliação negativa para 90% do mercado financeiro, ao passo que o ministro Fernando Haddad tem avaliação positiva para 41% dos entrevistados.

Analisando os recentes dados econômicos, o levantamento da Quaest permite concluir que se o mercado financeiro avalia negativamente o governo é porque a gestão Lula está no caminho certo.

O acadêmico britânico Victor Bulmer-Thomas foi preciso ao afirmar que “as elites da América Latina só conseguem se sentir ricas quando rodeadas de pobres”.

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