A notícia da demissão de Rodrigo Bocardi, desligado da TV Globo na última quinta-feira (30), tem movimentado a imprensa brasileira desde então, em especial os profissionais que se dedicam aos mexericos. No mundo do jornalismo há uma situação dual e conhecida: corporativismo e autofagia profissional convivem nesse cenário. Dependendo do momento e da situação, ora um prevalece, ora outro.
O motivo da demissão de Rodrigo Bocardi foi sua atividade profissional além das fronteiras globais, sem o conhecimento da direção da empresa. Se o contrato de Bocardi proibia trabalhos extras, a demissão foi justa e sem direito a contestações. O ponto de partida para a essa descoberta foi, segundo consta, seu temperamento nada diplomático, assunto que deveria ser tratado pelo departamento de recursos humanos da emissora carioca.
No caso envolvendo a demissão de Bocardi, nenhum jornalista criticou publicamente o ex-apresentador da Globo. Há quem diga, intramuros, que ele jogou a carreira fora. Não é assim. Por enquanto, prevaleceu o chamado espírito de corpo, além da necessidade de cada um de manter o vínculo de trabalho. Afinal, ninguém quer fechar portas e arrumar desafetos.
O que Bocardi fez, atuando profissionalmente além da TV Globo, muitos fazem de forma camuflada, às vezes por interpostas pessoas. Nos bastidores do jornalismo essa prática é de conhecimento da maioria, voz corrente. Ele errou por ostentar padrão de vida não condizente com o salário que recebia da TV Globo.
Clientes favorecidos versus linha editorial
Mesmo que ainda sem provas, Rodrigo Bocardi é acusado de supostamente ter beneficiado nos telejornais da emissora alguns dos seus clientes de curso de treinamento para lidar com a imprensa, conhecido pelo jargão “media training”. Os clientes das empresas de Bocardi são, segundo consta, políticos da região metropolitana da capital paulista.
A exoneração do apresentador surpreendeu o universo jornalístico, principalmente os que se valem do status profissional para faturar valores além do contracheque. Profissionais desse grupo submergiram repentinamente nos últimos por receio de eventual efeito cascata, que pode ocorrer a qualquer momento.
A demissão de um profissional de imprensa não deveria render tantas notícias como tem ocorrido nos últimos dias. Há assuntos mais importantes para serem tratados pela imprensa brasileira. Ultrapassa os limites do bom-senso jornalístico noticiar que as empresas de Bocardi têm débitos tributários e outras quizilas. Isso não é jornalismo, é patologia da informação.
Há de surgir a tese de que o apresentador levou ao público notícias de interesse de seus clientes particulares, o que não significa que a notícia fosse inverídica. No máximo pode-se dizer que são suspeitas ou tendenciosas.
Muitos jornalistas são contratados para palestras, quase sempre com a anuência dos empregadores. Na grande maioria das vezes contratados por empresas financeiras, os palestrantes, enquanto jornalistas, aliviam a verborragia quando noticiam temas ligados à economia e ao mercado financeiro. Em muitos casos, o valor cobrado por uma palestra supera o salário pago por empresas de comunicação. A informação de qualidade, responsável e inteira, fica de lado.
No contraponto, grandes veículos de comunicação fazem o que costumamos chamar de jornalismo de aluguel, seja por alinhamento ideológico, seja por interesse financeiro. Tal prática não pode ser classificada como jornalismo, muito menos independente e baseado na verdade. Há uma clara manipulação dos fatos para atender interesses dos mais diversos.
As linhas editoriais dos grandes veículos configuram um escândalo jornalístico, mas ninguém ousa contestá-las. Pelo contrário, há aduladores dessa prática que desinforma e serve para formar verdadeiras legiões de abduzimos pela notícia esculpida para agradar esse ou aquele grupo.
Não é necessário qualquer esforço do raciocínio para identificar o jornalismo de aluguel, que sobra nos destacados veículos de comunicação, alguns com pílulas de discrição. Resumindo, se alguém chacoalhar a árvore da grande imprensa, o escândalo será enorme.
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