Deputados bolsonaristas venderam emendas sob ameaças, mas a direita continua calada

Em 2017, algumas rodovias do País foram paralisadas por greve de caminhoneiros, movimento que teve o golpista Jair Bolsonaro como mentor. No ano seguinte, em 2018, nova greve do setor paralisou inúmeras rodovias, comprometendo o abastecimento de muitas cidades e impactando a economia. Nascia naquele momento uma das mais perigosas investidas políticas da história nacional.

No ano de 2018, muito antes do início oficial das campanhas eleitorais, o UCHO.INFO afirmou que o então pré-candidato Jair Bolsonaro, se eleito à Presidência da República, em algum momento tentaria dar um “cavalo de pau” na democracia brasileira, como de fato aconteceu em 8 de janeiro de 2023.

Na campanha presidencial de 2018, Bolsonaro e as hordas de apoiadores adotaram o discurso de combate à corrupção, na esteira dos escândalos envolvendo o PT e os partidos que apoiavam o governo petista da época. Sem que o eleitorado percebesse a armadilha, Bolsonaro foi eleito ao Palácio do Planalto.

Dono de incompetência devastadora, Bolsonaro concordou em dar carta branca ao Congresso para, entre declarações absurdas e decisões descabidas, colocar em marcha o plano golpista.

Deputados e senadores, valendo-se do banditismo político, fizeram o governo refém do Parlamento e avançaram de forma feroz sobre os recursos públicos, operação viabilizada por meio do malfadado orçamento secreto, emendas de relator e emendas PIX. Em suma, assalto deliberado aos cofres públicos, sem qualquer manifestação do Executivo.

A falta de responsabilidade que marcou as decisões tomadas pelo então presidente, que à época buscava a reeleição e gestava o plano golpista como estepe no caso de derrota nas urnas, provocou danos irreversíveis no curto prazo na relação entre Governo e Congresso.

Longe do falso moralismo que emoldurou a campanha de Bolsonaro em 2018, agora os bolsonaristas mantêm silêncio obsequioso diante de escândalos envolvendo a venda de emedas parlamentares por políticos adeptos do bolsonarismo.

Investigação da Polícia Federal revela que o esquema de venda de emendas parlamentares de três deputados federais do PL, partido de Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, contava com divisão de tarefas e utilização de armas de fogo em ameaças a gestores municipais.

De acordo com relatório da PF, a organização criminosa – Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), lobistas e um agiota – exigia a devolução de 25% dos valores de emendas destinadas a ações na área de saúde na cidade de São José de Ribamar (MA).

Investigadores descobriram que que Bosco Costa (PL-SE) utilizava a esposa e o filho como destinatários de parte dos recursos indicados pelos parlamentares da organização criminosa.

No fim de fevereiro, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá se Bosco Costa – que é suplente de deputado –, Josimar Maranhãozinho (PL-MA) e Pastor Gil (PL-MA) se tornarão réus pelo esquema de desvio de verbas federais.

Até o momento, os bolsonaristas não se manifestaram contra aquilo que na campanha de 2018 condenaram a plenos pulmões, garantindo a eleição um golpista especializado em transacionar criminosamente joias e relógios de luxo de propriedade do Estado brasileiro.

Como sempre afirmamos, na política, irmã siamesa da corrupção, não há espaço para a coerência. Por razões que dispensam maiores explicações, os paladinos da moralidade querem tanto voltar ao poder.

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