Apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, a denúncia contra Jair Bolsonaro e outras trinte e três pessoas envolvidas no fracassado plano de golpe de Estado é fato consumado, preservado o direito à ampla defesa e ao devido processo legal dos denunciados, caso sejam considerados réus.
A partir desta quarta-feira (19), em que pesem a repercussão e os desdobramentos da denúncia da PGR, o foco está na eleição presidencial de 2026.
Inelegível até 2030, Bolsonaro sabe que dificilmente poderá concorrer à Presidência da República, mesmo que seus aliados no Congresso Nacional modifiquem a Lei da Ficha Limpa, mudança que certamente será derrubada no STF.
Apesar desse cenário, Bolsonaro insistirá na sua candidatura, a exemplo do que fez o presidente Lula na eleição de 2018, à época preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, em razão de condenação no âmbito da Operação Lava-Jato, acertadamente anulada por conta dos abusos cometidos por Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Além disso, condenação sem provas é um escárnio no campo do Direito Penal.
No caso de Bolsonaro insistir na própria candidatura, a direita e a extrema direita terão de se ocupar com a defesa do golpista, o que proporciona certo alívio à esquerda e ao governo Lula, cujo índices de aprovação estão em queda.
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Qualquer incursão no terreno da direita objetivando o Palácio do Planalto será rechaçada por Bolsonaro, que diante da impossibilidade de participar da próxima corrida presidencial já tem nomes para sucedê-lo: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho “03”.
Na terça-feira (18), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, negou que concorrerá à Presidência em 2026. A declaração veio após veículos da imprensa noticiarem que Tarcísio disse a aliados que está pronto para participar da corrida presidencial, caso seja o desejo de Bolsonaro. O desmentido veio a público antes da apresentação da denúncia da PGR.
Cria de Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo recuou após possível conversa com o ex-presidente, que não desistirá tão facilmente de se apresentar como candidato.
Tarcísio de Freitas continua de olho no Palácio do Planalto, mesmo afirmando que seu projeto mira a reeleição ao governo de São Paulo. Outros integrantes da direita também flertam com a Presidência da República, mas adotaram cautela para evitar desgastes junto ao eleitorado bolsonarista.
Quando Bolsonaro se tornar réu pela tentativa de golpe de Estado e outros crimes, os chamados aliados passarão a se movimentar com mais desenvoltura visando a eleição presidencial. Até lá, vestirão a fantasia de leais e bons samaritanos, como se na política existisse espaço para falso bom-mocismo.
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