Tão logo venceu a eleição presidencial de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu de um experiente político brasileiro que seu terceiro mandato seria o pior deles. Sem dar ouvidos ao conselho, Lula levou para o Palácio do Planalto ideias ultrapassadas em termos de gestão, transformando a sede do Executivo em versão bem ajambrada de um sindicato de trabalhadores.
Não obstante esse detalhe preocupante, o petista alçou à cúpula palaciana alguns companheiros de legenda desprovidos de competência para os respectivos cargos. É o caso de Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Além disso, a dupla fracassou sobremaneira no campo da relação política com o Congresso, postura que acabou refletida em algumas votações importantes.
Apesar de o governo enfrentar, no momento, elevado índice de desaprovação (mais de 60%) nos três principais colégios eleitorais do País – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro –, Lula tenta recuperar o terreno perdido com uma reforma ministerial que, tudo indica, tem ingredientes de sobra para ser um tiro no pé.
Lula demitiu a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que tomou conhecimento da sua saída por meio da imprensa. O substituto de Nísia será Alexandre Padilha, que fracassou nas Relações Institucionais. O presidente da República foi descortês com a ex-colaboradora, que minimizou a demissão e saiu em defesa de Lula. Em suma, há no governo um emaranhado de “fios trocados”.
Preocupado com a baixa popularidade do governo, Lula nomeou o marqueteiro Sidônio Palmeira para o comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), antes dirigida pelo deputado federal petista Paulo Pimenta (RS).
Como se endossasse os efeitos colaterais da atuação dos companheiros que ocupam cargos no governo, Lula dá sinais de estar disposto a piorar o que é péssimo.
Até semanas atrás, era dada como certa a saída de Márcio Macêdo da Secretaria-Geral da Presidência, como forma de abrir espaço para a tão esperada e necessária reforma ministerial. Não foi preciso muito tempo para o nome de Gleisi Hoffmann ser cogitado para o lugar de Macêdo. Considerando que a tarefa da Secretaria-Geral é, entre tantas atribuições, dialogar com os diversos setores da sociedade, inclusive com os movimentos sociais, Gleisi é a pessoa certa para o posto.
Contudo, em mais uma reviravolta que que serve para reforçar a desconfiança em relação ao governo, o presidente está propenso a nomear Gleisi Hoffmann para o comando da Secretaria de Relações Institucionais. Se com Padilha a relação com o Congresso foi péssima, com Gleisi a situação deve desandar.
Caso Gleisi venha a assumir a coordenação política do governo, o “fogo amigo” na direção do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, aumentará consideravelmente, Haddad tem enfrentado a peçonha petista apenas porque até o momento é o único nome do partido que aparece nas pesquisas sobre a corrida presidencial de 2026.
O vazamento da informação de que Gleisi é cotada para a articulação política do governo pode ser estratégia para desgastá-la. Considerando a reação negativa de ministros do PT e do Centrão, essa tese não deve ser descartada.
Justificar a eventual chegada de Gleisi Hoffmann na pasta de Relações Institucionais com seu bom desempenho na presidência do Partido dos Trabalhadores é prova de inocência ou incoerência política. Imagine, caro leitor, Rui Costa e Gleisi decidindo os rumos do governo.
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