O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala (2011-2016), e sua mulher, Nadine Heredia, foram condenados nesta terça-feira (15) a 15 anos de prisão por lavar dinheiro de propina paga pela construtora brasileira Odebrecht (atual Novonor) e pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013. A verba irrigou as campanhas eleitorais de Humala em 2011 e 2006, respectivamente.
Procuradores afirmam que Humala aceitou 3 milhões de dólares da Odebrecht, um dos pivôs do escândalo da Lava-Jato. Outros 200 mil dólares teriam sido entregues pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez à campanha do político em 2006.
Ao final do julgamento na Corte Superior Nacional do Peru, Humala foi imediatamente detido pela polícia e transferido para a prisão. Há ainda uma ordem de prisão contra Heredia, que não estava presente na corte e, segundo o Ministério do Exterior peruano, pediu refúgio à Embaixada do Brasil em Lima.
Ela foi processada por sua intensa participação nas atividades do partido do marido, o PNP, envolvendo-se na arrecadação de fundos e, posteriormente, nas ações do governo que ele passou a chefiar em 2011. Heredia nega ter recebido valores.
O irmão da Nadine e cunhado de Humala, Ilán, também foi condenado a 12 anos de prisão no mesmo caso. O ex-presidente terá ainda que pagar uma multa de 10 milhões de soles (cerca de R$ 15,7 milhões).
Governo Lula concedeu refúgio, afirma jornal
De acordo com a colunista Monica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”, o presidente Lula decidiu conceder o asilo a Heredia. Ela está abrigada na embaixada brasileira enquanto aguarda permissão do governo peruano para viajar.
Heredia teria sido orientada pelo marido, com quem tem três filhos, a pedir asilo. Ela não compareceu ao julgamento alegando motivos de saúde e já tratou de um câncer no passado. À Folha, Humala disse temer que ela nunca mais pudesse sair do cárcere.
Quatro ex-presidentes peruanos envolvidos em escândalo com a Odebrecht
Humala, um ex-membro das Forças Armadas do Peru e esquerdista, tornou-se em 2022 o primeiro ex-presidente peruano a ir a julgamento no escândalo de corrupção da Odebrecht, que respingou ainda sobre outros três ex-mandatários do país.
Alan Garcia (1985-1990; 2006-2011) se suicidou em 2019 quando a polícia entrou em sua casa para prendê-lo, enquanto Alejandro Toledo (2001-2006) foi condenado em 2024 a 20 anos de prisão por aceitar propinas milionárias em troca de contratos com o governo.
O quarto ex-presidente implicado, Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), está sob prisão domiciliar enquanto aguarda a conclusão das investigações contra ele.
Humala ascendeu à Presidência em 2011 após derrotar a candidata de direita Keiko Fujimori, que chegou a passar 13 meses na cadeia em um caso também ligado à Odebrecht, antes de o processo dela ser anulado na Justiça.
O pai de Keiko, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), morto em 2024, também foi sentenciado diversas vezes por corrupção e violação de direitos humanos.
Em entrevista à agência de notícias EFE em fevereiro, Humala negou ter recebido propina da Odebrecht e sugeriu que o dinheiro poderia ter sido embolsado pelo chefe da empreiteira no Peru, Jorge Barata.
“Se essa tese de que, efetivamente, Marcelo [Odebrecht] teria arranjado para que Barata [enviasse dinheiro para sua campanha], o que eu acho, primeiro, [é que] não acredito que isso tenha acontecido, mas, se aconteceu, Barata roubou o dinheiro”, disse. (Com Deutsche Welle e agências internacionais)
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