Partidos supostamente democratas precisam explicar apoio a projeto de anistia aos golpistas

É preocupante o silêncio dos brasileiros defensores da democracia diante do projeto de anistia aos envolvidos na trama golpista, que em 8 de janeiro de 2023 alcançou o ápice com atos de vandalismo e destruição na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

O pedido de urgência para votação do projeto no plenário da Câmara dos Deputados, protocolado na segunda-feira (14) pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL), “longa manus” do golpista Jair Bolsonaro, contou com 262 assinaturas válidas, cinco a mais do que o mínimo necessário.

O pedido de urgência não significa obrigatoriamente que o projeto será votado em breve, pois há na Câmara 1.177 requerimentos idênticos à espera de deliberação e inclusão na pauta. Os mais antigos foram protocolados em 2010.

Enquanto os golpistas sonham com a anistia, o que beneficiaria Jair Bolsonaro e a então quadrilha palaciana, causa estranheza o fato de parlamentares da base do governo terem assinado o pedido de urgência.

Das assinaturas que contam do pedido de urgência, 55% são de partidos com ministérios e 61% são filiados a siglas da base governista (contemplados com cargos de segundo escalão, não com ministérios).

Esse quadro decorre do avanço do “Centrão”, o que há de pior e mais nocivo na política nacional. Os partidos da base fazem o governo refém, exigindo inúmeras contrapartidas para aprovar matérias de interesse do Executivo federal, mas ousam apoiar um projeto flagrantemente inconstitucional e que atenta contra a democracia.

Vivesse o Brasil tempos de normalidade na seara política, o governo do presidente Lula deveria exonerar todos os indicados pelos traidores da pátria. Porém, não o faz porque depende da camarilha que sequestrou o Parlamento.

Porém, pior do que a traição dos deputados da base é a incoerência de parlamentares filiados a partidos cujos fundadores foram duramente perseguidos durante a ditadura militar. É o caso do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), legenda que à sombra de contínuo de processo de esfarelamento político tornou-se irrelevante. Dos treze deputados tucanos, cinco assinaram o requerimento de urgência

Dos cinco deputados federais do Cidadania, que anteriormente chamava-se Partido Popular Socialista (PPS), três assinaram o pedido de urgência.

O MDB, Movimento Democrático Brasileiro, tem 42 deputados federais, sendo que 20 parlamentares assinaram o requerimento. O PSD, Partido Social Democrático, tem 42 deputados na Câmara, 23 assinaram o pedido de urgência.

É preciso que os líderes dessas legendas venham a pública para explicar aos brasileiros de bem o que significa democracia, pois apoiar golpistas é um degradante espetáculo de incoerência política e ideológica.

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