Escolha do novo ministro das Comunicações mostra ineficácia da articulação política do governo

No início do atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmamos que seria difícil confiar em uma gestão que tem na cúpula palaciana pessoas como Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha, atual ministro da Saúde e que anteriormente ocupava a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência. Para a vaga deixada por Padilha foi nomeada a petista Gleisi Hoffmann, que deixou a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores.

Experiente em termos políticos, Lula sabia que seu terceiro mandato seria alvo da descontrolada e repugnante voracidade de deputados e senadores, que sem qualquer dose de pudor transformaram o governo em refém permanente.

Que o governo está aquém das expectativas e das necessidades do País todo brasileiro de bem sabe, mas é difícil governar tendo um Parlamento que faz oposição na maior parte do tempo.

A polêmica que envolveu a nomeação do novo ministro das Comunicações mostra de forma clara que a articulação política do governo é deficitária.

Nesta quinta-feira (24), o presidente Lula deu posse a Frederico Siqueira Filho como ministro das Comunicações, cargo anteriormente ocupado por Juscelino Filho, que pediu demissão no vácuo de investigação sobre corrupção. Siqueira Filho, ex-presidente da Telebras, foi indicado ao cargo pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil – AP), presidente do Senado Federal.

O governo anunciou o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil – MA) como ministro da pasta, mas o parlamentar, pressionado por uma ala do partido, decidiu recusar o convite do presidente Lula.

No processo de idas e vindas está a queda de braços entre a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados e o presidente do Senado. A indicação de Pedro Fernandes partiu de Alcolumbre, que apadrinhou a nomeação de Siqueira.

E outro vértice da articulação política capitaneada pelo presidente Lula, o petista participou, na quarta-feira (23), de jantar na casa do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (União Brasil – PB), com líderes de todas as legendas, exceto o PL, partido de Jair Bolsonaro.

A incompetência da cúpula do governo no terreno das relações com o Congresso é inequívoca e pode ser comprovada aritmeticamente. A bancada do União Brasil a Câmara conta com 59 deputados federais, sendo que 40 votaram a favor do requerimento de urgência do projeto de anistia aos golpistas de 8 de janeiro.

Em suma, o União Brasil comanda três ministérios, mas 68% dos deputados votaram a favor dos interesses de Bolsonaro. Alguém do governo precisa vir a público para explicar o que de fato faz a Secretaria de Relações Institucionais.

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