O conclave para eleger o sucessor do Papa Francisco rá em 7 de maio, anunciou o Vaticano nesta segunda-feira (28). O voto secreto será adiado em dois dias a fim de permitir que os cardeais se conheçam melhor e encontrem um consenso, antes de se isolarem na Capela Sistina.
Indagado pela imprensa sobre o clima na sala de reuniões, o argentino Ángel Sixto Rossi, de 66 anos, comentou: “Há esperança de unidade.” Arcebispo de Córdoba, ele foi ordenado cardeal por Francisco em 2023.
Diversos cardeais mencionaram o desejo de manter o foco pastoral do pontífice na justiça social, nas mulheres, homossexuais e outros indivíduos marginalizados, e contra a guerra. Por sua vez, as alas conservadoras visam reconduzir a Igreja Católica às doutrinas nucleares enfatizadas pelos antecessores São João Paulo 2º e Benedito 16.
O britânico Vincent Nichols, de 79 anos, arcebispo de Westminster, enfatizou à agência de notícias AP a necessidade de buscar a unidade, e minimizou as divisões: “O papel do papa é essencialmente de nos manter coesos, e essa é a graça que recebemos de Deus.” O cardeal venezuelano Baltazar Enrique Porras Cardozo expressou confiança que, tão logo o conclave comece, a decisão será rápida, “entre dois ou três dias”.
Incerteza sobre eleitores e cardeal condenado
O termo que designa o processo de escolha do novo pontífice deriva do latim con clave (com chave), referindo-se à tradição de encerrar os cardeais numa sala até que alcancem a maioria necessária. Tendo prestado juramento de sigilo, eles se isolam do mundo até chegar à decisão final, sem acesso a jornais, televisão, rádio, telefones ou computadores.
O atual Colégio Cardinalício tem um total de 135 membros. Deles, 108 foram escolhidos por Francisco ao longo de seus 12 anos de pontificado – os últimos 20 em dezembro de 2024 –, em cantos extremos do mundo, com o fim de introduzir novos pontos de vista na hierarquia da Igreja Católica.
O fato de que muitos passaram pouco ou nenhum tempo em Roma, sem poder conhecer seus colegas, é um elemento extra de incerteza em processo que exige dois terços de concordância em torno de um único candidato. Porém, só aqueles abaixo de 80 anos podem votar, mas ainda não está claro quantos participarão.
Um dignitário espanhol já anunciou que não irá a Roma por razões de saúde, e uma grande incerteza é se Giovanni Angelo Becciu, que já foi um dos homens mais poderosos do Vaticano, será admitido à Capela Sistina. Acusado de desfalque e fraude financeira, em 2020 foi instado pelo papa a renunciar ao cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e a seus direitos cardinalícios.
Apesar de negar qualquer culpa, em dezembro de 2023 Becciu foi condenado a cinco anos e meio por fraude. Ele está apelando da sentença e, apesar de listado como “não eleitor”, insiste em seu direito de votar e participou dos encontros que antecedem o conclave.
Papel da África e aposta na harmonia
No diversificado Colégio Cardinalício composto por Francisco, o grupo de 18 prelados da África atrai especial atenção. Em 2024 eles formaram uma frente notavelmente unida contra a abertura do papa para os indivíduos LGBTQ+, recusando-se a implementar sua declaração que permitiria a bênção a uniões homossexuais. Portanto se especula se os africanos contribuirão para impedir que desponte um candidato papal progressivo.
Para além de eventuais facções, o sul-americano Ángel Rossi aposta na causa comum: “Quem quer que seja eleito tem que ser o sucessor de São Pedro, e todos nós esperamos que vá ser um bom papa.” Além disso, está seguro de que a mensagem de Francisco de “misericórdia, proximidade, caridade, ternura e fé” os acompanhará.
Apesar disso, Rossi reconhece que é intimidadora a tarefa de encontrar um sucessor para o tão carismático religioso morto em 21 de abril. Indagado pela AP sobre como se sentia ao participar de seu primeiro conclave, respondeu com um riso: “Com medo”. (Com agências internacionais)
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