CPI das Bets jogou para a plateia o tempo todo, sem resultado efetivo, mas clama por prorrogação

Quem conhece os bastidores da política brasileira sabe como funciona o Congresso Nacional em suas catacumbas. O Senado Federal instalou há quatro meses uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI para apurar as empresas de apostas online, as chamadas “bets”.

A CPI chega ao seu capítulo final nesta quarta-feira (30), de olho em possível prorrogação pelo período de 45 dias. Em termos práticos, nada de relevante foi produzido pela CPI, ou seja, continuará prevalecendo a falta de freio no universo das apostas eletrônicas.

O máximo que os parlamentares conseguiram, a ponto de ganhar espaço na mídia, foi dar voz de prisão ao empresário Daniel Pardim Tavares Lima durante prestado na nesta terça-feira (29), sob acusação do crime de falso testemunho.

O pedido de prisão em flagrante foi apresentado pela relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), e confirmado pelo presidente do colegiado, senador Dr. Hiran (PP-RR).

De acordo com a relatora, Pardim faltou com a verdade ao dizer que não conhece a sócia de sua empresa, Adélia de Jesus Soares. A empresa de ambos, Peach Blossom River Technology, participa de outra companhia chamada Payflow, que atua no setor de pagamentos digitais e presta serviços às apostas on-line, segundo Soraya. A Payflow é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal por indícios de lavagem de dinheiro e transferências ilegais.

A CPI serviu para o lobby das bets correr solto pelos corredores do Senado. Em outras palavras, a comissão, além de servir de palco político para os senadores, que de olho nas eleições de 2026 buscam maior visibilidade, possivelmente levou a sorte grande alguns de seus integrantes.

A indignação dos falsos moralistas diante dos escândalos envolvendo a jogatina eletrônica é uma farsa, pois problemas no campo das apostas sempre existiram, a começar por manipulação de resultados. Há quem garanta que a preocupação maior, no momento, é com a lavagem de dinheiro que ocorre à sombra do negócio de apostas.

O movimento das bets serviu como abre-alas para o lobby os cassinos, que há muito flertam com a possibilidade de exploração da jogatina no País.

Máfia da Loteria Esportiva

É importante destacar que, como mencionado acima, escândalos envolvendo apostas não são novidade. Em outubro de 1982, portanto há mais de 40 anos, o Brasil foi surpreendido pelo caso que ficou conhecido como “Máfia da Loteria Esportiva”, esquema criminoso de manipulação de resultados, à época revelado pela revista Placar em importante reportagem do jornalista Sérgio Martins.

Aos envolvidos no esquema foram imputados os seguintes crimes: corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, operação fraudulenta de câmbio e recebimento de vantagem indevida. Das 125 pessoas acusadas, apenas 20 foram indiciadas.

O respectivo inquérito, conduzido pelo então delegado Paulo Lacerda, concluiu que “não existia uma organização de manipulação, mas apenas alguns grupos isolados”. O inquérito foi encerrado, sem resultado prático, assim como acontecerá com a CPI das Bets.

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