Tucuruí: escândalos e gestão pífia do prefeito Alexandre Siqueira explicam debandada de munícipes

O município de Tucuruí, no Pará, tem convivido nos últimos anos com um cipoal de absurdos. Principal cidade no entorno da usina hidrelétrica homônima, Tucuruí reforça o orçamento público com recursos decorrentes da “compensação financeira pela utilização de recursos hídricos”, mas desde 2021 o município vem enfrentando uma debandada de moradores. No período, quase 30 mil habitantes deixaram Tucuruí por falta de oportunidades de trabalho.

Se por um lado o movimento de redução populacional causa preocupação, por outro é inexplicável a reeleição do prefeito Alexandre Siqueira (MDB), que recentemente teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por crime eleitoral cometido na campanha de 2020. À época, Siqueira e o candidato a vice-prefeito, Jairo Rejânio de Holanda Souza (MDB), distribuíram de maneira indiscriminada combustível a eleitores que participariam de carreata no município paraense. Na ocasião, eleitores receberam um “voucher” no valor de R$ 50,00 para ser utilizado em determinado posto de combustíveis da cidade.

Recorrendo a muitas manobras jurídicas, Siqueira conseguiu disputar a reeleição, algo que não poderia ter ocorrido por ter sido condenado prelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará, situação que impede o registro de candidatura com base na Lei de Ficha Limpa.

Causa espécie o fato de que Alexandre Siqueira, mesmo tecnicamente inelegível, conseguiu se reeleger. A reeleição do prefeito mostra que a população de Tucuruí não se preocupa com questões jurídicas graves envolvendo o chefe do Executivo local. Ademais, o êxodo de moradores da cidade revela que Siqueira está a anos-luz de ser um bom gestor, em que pese os feitos colaterais da pandemia de Covid-19.

Dados oficiais

De acordo com o último censo do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 a população de Tucuruí era de 91.306 habitantes. Tendo como base o levantamento do IBGE, o êxodo populacional do município equivale a mais de 25% da população.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Tucuruí, apurado em 2010, era de 0.666, considerado de nível médio.

Em 2010, a taxa de escolarização de Tucuruí, na faixa de 6 a 14 anos de idade, era de 94,9%. Na comparação com outros municípios do estado, ficava na posição 79 de 144. Já na comparação com municípios de todo o País, ocupava a 5.043ª posição, entre de 5.570.

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Em 2021, o PIB per capita de Tucuruí era de R$ 48.149,75. Na comparação com outros municípios paraenses, Tucuruí aparecida em oitavo lugar entre 144 municípios do estado. No âmbito nacional, a cidade ocupava a 1.026ª posição, entre todos os 5.570 municípios brasileiros.

Em 2022, o salário médio dos trabalhadores formais de Tucuruí era de 2,3 salários mínimos. Naquele ano, o IBGE constatou que 14,55% da população tucuruiense tinha ocupação laboral.

Se os números estatísticos são quase alentadores, a realidade social de Tucuruí é oposta, principalmente por causa da péssima e conturbada gestão do prefeito Alexandre Siqueira, marcada por escândalos e denúncias de corrupção e desvio de recursos públicos.

Operação Stall

Em 30 de janeiro de 2025, a Polícia Federal deflagrou a Operação Stall para desmantelar grupo criminoso envolvido em atos de corrupção eleitoral, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. A PF cumpriu mandados na casa do prefeito de Alexandre Siqueira e em outros locais, inclusive na sede da Prefeitura de Tucuruí.

A investigação teve início após a prisão em flagrante de um policial militar, que estava em um jatinho particular transportando R$ 1.149.300,00 em espécie, dois dias antes das eleições.

De acordo com as apurações, o dinheiro, com origem em São Paulo, seria utilizado para a compra de votos. A partir da prisão, a Polícia Federal aprofundou as investigações e identificou esquema criminoso que envolvia agentes públicos e empresários em complexo mecanismo de desvio de recursos e ocultação de valores ilícitos.

“O ponto central da operação é o combate à prática de compra de votos, corrupção eleitoral e em tese, organização criminosa, lavagem de dinheiro, dentre outros crimes”, disse o delegado federal Iedo Sá Filho.

Os muitos e intrincados escândalos em Tucuruí explicam a decisão de parte da população deixar a cidade em busca de oportunidades. Enquanto isso, Siqueira insiste em viver à margem da realidade.

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