Faixa de Gaza: Hamas liberta último refém americano, em aceno ao descontrolado Trump

O grupo palestino Hamas anunciou nesta segunda-feira (12) que libertou o último cidadão americano vivo mantido em cativeiro na Faixa de Gaza, dias antes da chegada prevista do presidente Donald Trump ao Oriente Médio.

De acordo com o Hamas, a libertação de Edan Alexander, militar de 21 anos que tem também cidadania israelense, faz parte de um esforço para estabelecer diálogo com o governo americano sobre um cessar-fogo e a reabertura das passagens para Gaza. Há mais de dois meses, Israel bloqueia a entrada de comida e ajuda, agravando a crise humanitária no território sob destroços.

Militares israelenses informaram na tarde de segunda-feira que Alexander está com a Cruz Vermelha e depois será levado às forças de Israel.

De volta para casa

Alexander nasceu em Tel Aviv, em Israel, e se mudou para os Estados Unidos com a família, onde foi criado. Alexander mudou-se de volta para Israel após o ensino médio, para servir nas forças armadas.

Ele foi uma das cerca de 250 pessoas capturadas pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro que deu início à guerra em Gaza. Ele tinha 19 anos na época e foi destacado para um posto militar próximo à Faixa de Gaza, um dos alvos do ataque.

Estima-se que ao menos 58 reféns permanecem na Faixa de Gaza – dezenas foram considerados mortos.

Em Tenafly, Nova Jersey, cidade onde vive a família de Alexander, pessoas foram às ruas com cartazes de “bem-vindo ao lar” e “traga-os para casa”, de onde acompanharam a notícia da soltura por meio de um telão.

“Ele está voltando para casa, para seus pais, o que é realmente uma ótima notícia”, disse Trump a repórteres na Casa Branca, pouco antes de sua partida para a Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos. Mesmo sem passar por Israel, a visita será fortemente pautada pela guerra em Gaza.

A família de Edan Alexander disse, em comunicado, que “recebeu o maior presente imaginável – a notícia de que nosso lindo filho Edan está voltando para casa depois de 583 dias em cativeiro em Gaza”.

Seus familiares fizeram ainda um apelo ao governo israelense para que continue os esforços para libertar todos os reféns.

“Por favor, não parem. Esperamos que a libertação de nosso filho inicie negociações para todos os 58 reféns restantes, acabando com esse pesadelo para eles e suas famílias.”

Fome absoluta

O governo israelense ameaçou acirrar ainda mais sua ofensiva militar, com a ocupação de todo o território e o deslocamento em massa de palestinos, a menos que o Hamas se renda e entregue os reféns restantes.

A organização tem se recusado a libertar mais prisioneiros e alega que Israel deve primeiro se comprometer com um caminho para acabar com a guerra. A viagem de Trump, contudo, motivou uma mudança de estratégia, com o Hamas concordando em libertar Alexander – o primeiro refém solto desde que Israel rompeu o cessar-fogo de quase dois meses.

Nesse período, Israel intensificou a guerra na Faixa de Gaza, onde seu bloqueio a alimentos, remédios e outros suprimentos está agravando a situação de catástrofe humanitária.

O número de mortos na guerra entre Israel e Hamas já chegou a 52.862, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza – sendo 2.749 mortos desde que Israel retomou a guerra em março.

Nesta segunda-feira, ataque israelense em uma escola que virou abrigo matou ao menos 16 pessoas, a maioria mulheres e crianças, e deixou várias feridas, segundo o Hamas.

Especialistas em segurança alimentar alertam que a população da Faixa de Gaza está sob risco crítico de fome se Israel não suspender seu bloqueio e parar sua campanha militar.

A Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC), um monitor internacionalmente reconhecido da fome, informou que a absoluta fome é o cenário mais provável, a menos que as condições mudem.

Cerca de meio milhão de palestinos estão em níveis “catastróficos” de fome, o que significa que eles enfrentam uma possível inanição, segundo o relatório, enquanto outro milhão está em níveis “emergenciais” de fome. (Com agências internacionais)

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