No país do contrassenso, mercado financeiro se anima com juro alto e contração da economia

Tão logo foi eleito para o terceiro mandato presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que repetiria a frente ampla na composição do governo. Nada do que foi prometido chegou a ser cumprido, pois o Estado brasileiro há muito foi tomado de assalto pelo fisiologismo político, chaga que no Congresso Nacional escora o malfadado Centrão.

Não bastasse a ameaça à democracia que ainda persiste, Lula herdou um país tomado pela polarização ideológica e pelo permanente discurso de ódio. Nenhuma nação consegue avançar quando está cercada pela ideologia colérica.

No contraponto, o mercado financeiro, em especial os rentistas, aposta contra o avanço da economia e o desenvolvimento social. Nesse cenário, pouco adianta o cumprimento da meta fiscal, algo tão cobrado pelos especialistas (sic) de plantão.

Na segunda-feira (19), a Bolsa de Valores brasileira encerrou o pregão cima dos 139 mil pontos, ao passo que o dólar terminou o dia valendo R$ 5,66.

A reação do mercado aconteceu após declaração do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que afirmou, durante evento na capital paulista, que a taxa de básica de juro, a Selic, atualmente fixada em 14,75% ao ano, continuará em patamar elevado por bom tempo. Alguns economistas preveem que a Selic pode fechar o ano em 15%.

No contraponto, a economia brasileira cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano, em comparação com o último trimestre de 2024. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a expansão observada é de 3,1%. No acumulado de 12 meses, a alta é de 3,5%.

Há nesse cenário um contrassenso escancarado. Enquanto o governo trabalha para expandir a economia e promover a distribuição de renda, o que deve ser feito com responsabilidade e sem gastos absurdos, o mercado financeiro se anima com a decisão do BC de manter a taxa básica de juro em nível elevado, medida que contém o avanço econômico e desestimula o consumo.

Juro alto é bom para quem aposta contra a política econômica do governo e péssimo para a maioria da população. Além disso, a falta de investimentos no setor produtivo impacta o comércio e a geração de empregos. Há quase um século ouvia-se que o Brasil é o país do futuro. O problema é que esse futuro insiste em não dar o ar da graça.

Como disse o acadêmico britânico Victor Bulmer Thomas, “as elites da América Latina só conseguem se sentir ricas quando rodeadas de pobres.” Eis o retrato do Brasil.

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