Uma manifestação pacífica e bem-humorada – mas nem por isso menos desmoralizante – marcou o domingo (25) da petista Gleisi Helena Hoffmann. O protesto foi em frente à residência do casal Gleisi e Paulo Bernardo, no bairro Água Verde, em Curitiba. Aproximadamente trinta pessoas, usando máscaras com caricaturas dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – Teori Zavascki, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski – comeram um pizza, simbolizando a impunidade que acontece no Congresso Nacional quando crimes flagrantes não são punidos e tudo acaba em nada.
Os manifestantes usavam máscaras alusivas ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva, a Dilma Rousseff e a José Dirceu, registra o blog do jornalista Pedro Ribeiro, no Paraná Portal.
A ironia mais pesada dos manifestantes foi dedicada a Gleisi, representada por uma bruxa. Os protestos foram motivados pela tentativa da senadora, que mora em um apartamento construído pela Camargo Corrêa, empreiteira envolvida no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da História. A aquisição do imóvel por Gleisi é cercada de dúvidas e está sendo investigada.
A revolta dos populares se dá pelo fato de a investigação sobre Gleisi, denúncias sobre sua participação em propinas, por decisão do Superior Tribunal Federal, ter saído da jurisdição do juiz federal Sérgio Fernando Moro, abrindo caminho para a impunidade.
O apartamento de Gleisi, o Residencial Quartier, que ocupa um quarteirão no bairro Água Verde, vizinho ao Batel, área mais valorizada de Curitiba, é um empreendimento da Camargo Corrêa Desenvol¬¬¬vi¬¬¬mento Imobiliário (CCDI) – um braço da empreiteira Camargo Corrêa, sendo o primeiro empreendimento construído pela empreiteira em Curitiba.
O imóvel, de alto padrão, foi adquirido nos últimos quatro anos – quando a senadora dobrou se patrimônio oficial. Em 2010, quando disputou uma vaga no Senado Federal, sendo eleita, a petista declarou bens que somavam R$ 659 mil. Em 2014, o patrimônio informado foi de R$ 1,4 milhão. A construtora Camargo Corrêa está sendo investigada pela Polícia Federal por suposto envolvimento com o esquema de corrupção que funcionou na Petrobras, operado pelo doleiro Alberto Youssef, e ainda por negócios milionários mantidos com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Gleisi foi delatada por Youssef e Costa, por ter embolsado R$ 1 milhão do Petrolão em 2010. Depois, o marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, e a própria Gleisi foram apontados como figuras-chave da Operação Pixuleco II, décima oitava fase da Operação Lava Jato. A fraude rendeu R$ 51 milhões e o dinheiro que cabia a Gleisi e Paulo Bernardo seria repassado ao casal através de um advogado curitibano, Guilherme Gonçalves, que atuava como laranja do esquema.