Eleições: ao querer se distanciar de Dilma Rousseff em 2016, PMDB exibe proxenetismo político

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Apesar de ter sido agraciado com sete ministérios na reforma ministerial promovida pela presidente Dilma Rousseff, o PMDB deflagrou nos últimos dias um movimento de descolamento da atual gestão. O partido, que tem como presidente nacional o vice-presidente Michel Temer, quer se diferenciar da petista na área econômica.

De acordo com a estratégia definida pela cúpula peemedebista, no congresso do partido, no próximo dia 17, haverá o primeiro grande gesto público dessa movimentação, que tem o objetivo de manter a presidente sob pressão.

O partido não quer entrar nas eleições municipais de 2016 com o carimbo de aliado preferencial do PT e sócio da crise econômica e política.

Sob condição de anonimato, um integrante da cúpula peemedebista que integra o governo definiu o objetivo do encontro: “Apresentaremos um programa para disputarmos as eleições de 2016 e 2018. Mas também precisamos ter um programa para o caso de termos que assumir o poder”.

Com o objetivo de evitar retaliações do Palácio do Planalto, representantes da ala governista do PMDB evitam tratar do assunto abertamente e dizem apenas que o congresso não terá a prerrogativa de tomar qualquer decisão sobre a manutenção ou rompimento oficial do partido com a presidente Dilma Rousseff. Entretanto, essa definição acontecerá em março, na convenção nacional do partido.

Os “aliados” do governo esvaziaram as prerrogativas do encontro, contudo permitiram que o evento do próximo dia 17 fosse formatado para constranger o governo. De acordo com um dirigente do partido que está envolvido na organização do encontro, o microfone estará aberto e todos os presentes poderão votar nas moções que serão apresentadas ao documento-base.

Sem o filtro da escolha dos participantes por meio da eleição de delegados na base, a ala dissidente está livre para se mobilizar. A organização do congresso e a redação do seu texto-base, intitulado “Uma ponte para o futuro”, ficaram a cargo de um ex-ministro peemedebista que hoje é crítico à política econômica do governo: Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães. “Queremos não só unificar o partido, mas reunificar o País. O compromisso do PMDB não é com A, B ou C (partido ou governo) é com o Brasil. Para reunificar, só com um programa de intervenção na vida econômica e social”, destacou.

Moreira Franco afirmou ainda que a crise econômica está se tornando “incontrolável” e a situação é “explosiva”. “Temos que ter a dimensão da gravidade”.

O senador Valdir Raupp (RR), vice-presidente do PMDB, diz que alguns pontos divergentes do documento, classificado por ele como “duro” contra o governo, precisam ser reajustados e que os dissidentes “ainda” não são maioria. Apesar disso, ele sinaliza claramente o desejo de evitar os efeitos colaterais de ser aliado preferencial de Dilma.

“Um partido que sempre defendeu as causas populares não pode enveredar para a direita”. Também segundo o senador, o PMDB também está em busca de retomar suas “origens”. “Está na hora de voltar às origens das grandes lutas. Um partido com a idade do PMDB, 50 anos, precisa começar a discutir uma candidatura própria à Presidência em 2018. Esse sentimento é unânime”, afirma Raupp.

O senador Romero Jucá (RR) destaca que o encontro vai definir um “roteiro” para o Congresso decisivo do partido no ano que vem. “Após o encontro de novembro, o documento será debatido nos Estados e municípios até o congresso, que pode ser antecipado para antes de março.” Segundo Jucá, o documento será uma posição “clara” sobre economia e questões sociais. O congresso do PMDB também discutirá mudanças no estatuto do partido e as estratégias para as eleições 2016.

Se o PMDB de fato discorda de muitas diretrizes da administração da petista, que desembarque de uma vez do governo, pois o Brasil carece de políticos que tenham doses mínimas de coerência. Só não faz isso porque continua flertando com o principal gabinete do Palácio do Planalto, que ficará vago caso prospere algum pedido de impeachment contra Dilma. Jogar de acordo com os interesses pessoais ou partidários é típico de frequentadores de bataclãs políticos, onde questões são discutidas e decididas com a mesma facilidade com que se contrata uma daquelas moças que dormem à tarde. Enfim…

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