Passe Livre: PF deflagra nova fase da Lava-Jato e prende José Carlos Bumlai, amigo do lobista Lula

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Deflagrada na manhã desta terça-feira (24) pela Polícia Federal, a Operação Passe Livre, 21ª fase da Operação Lava-Jato, prendeu preventivamente o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio da Silva e que durante os dois mandatos do petista entrava e saía a qualquer hora do Palácio do Planalto.

Na mais recente fase da Lava-Jato, as investigações, de acordo com integrantes da força-tarefa, estão centradas na contratação de navio sonda pela Petrobras com “concretos indícios de fraude no procedimento licitatório”. Sócios do Frigorífico Bertin estão entre os que foram contemplados com condução coercitiva na operação policial.

Coincidentemente, o conselheiro rural de Lula estava na capital federal, pois estava agendado para esta terça-feira seu depoimento à CPI do BNDES. Ele estava hospedado no hotel Golden Tulip, um dos mais elegantes e caros da capital dos brasileiros, localizado à beira do Lago Paranoá e a poucos metros do Palácio da Alvorada. Bumlai foi levado de aviap para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

O pecuarista teve o nome mencionado por dois delatores da Lava-Jato. O lobista Fernando Baiano, um dos delatores do esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014, afirmou ter repassado a Bumlai quase R$ 2 milhões destinados à mulher de um dos filhos de Lula. Por outro lado, o acusado disse que o dinheiro era um empréstimo feito por Baiano e que foi usado para o pagamento de funcionários de sua fazenda. Mais tarde, Bumlai mudou o discurso e disse que o montante foi utilizado na compra de uma propriedade rural.

Outro delator, Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras, declarou que Bumlai intermediou o pagamento de uma conta do PT de R$ 60 milhões, originada na campanha à reeleição de Lula, em 2006. Há também o depoimento bombástico de Salim Schahin, dono do grupo Schahin, que afirmou às autoridades da Lava-Jato que perdoou uma dívida de R$ 12 milhões de Bumlai no banco conglomerado empresarial. Segundo o depoente, o dinheiro do empréstimo tinha como destino a campanha de Lula.

Segundo a PF, 140 policiais federais e 23 auditores fiscais cumprem 25 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva e 6 mandados de condução coercitiva – quando o investigado é levado para depor – nas cidades de São Paulo, Lins (SP), Piracicaba (SP), Rio de Janeiro, Campo Grande (MS), Dourados (MS) e Brasília.

“Segundo apurações, complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da estatal”, informou a PF em nota.

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