Palacianos criticam “tom jihadista” da carta de Temer, mas ignoram que Dilma age na política como o “EI”

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O desespero que reina no Palácio do Planalto por conta do pedido de impeachment de Dilma Rousseff é tamanho, que os palacianos aderiram ao absurdo para tentar conter uma debandada no governo, movimento que pode ganhar força com deserções de peemedebistas.

No vácuo da carta enviada por Michel Temer à presidente da República, assessores da petista abusaram da criatividade e afirmaram que o documento tem um “tom jihadista”, como se o vice fosse um desses terroristas que sob a desculpa esfarrapada da fé agem na contramão da lei e do bom senso. Quem Michel Temer não é um estreante na política todos sabem, mas antes de qualquer comentário é preciso invocar a essência de Dilma, que ao fazer política age como se fosse integrante do Estado Islâmico.

No Palácio do Planalto, a ordem é não rebater a carta até que a cúpula do governo consiga compreender o que está acontecendo. Ou seja, a carta de Temer, absolutamente clara e explícita, não foi devidamente digerida por Dilma e seus estafetas de plantão. Até mesmo um ignaro seria capaz de compreender o que destaca a contundente carta do presidente nacional do PMDB.

A estratégia do governo é evitar que o avanço da dissidência peemedebista na Câmara dos Deputados, onde será decidido o futuro da presidente. De um lado está o grupo liderado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enquanto do outro está o líder da bancada, Leonardo Picciani (RJ), que pode perder o cargo a qualquer momento, desde que a ordem venha de cima para baixo. Se isso acontecer, Dilma terá muito mais dificuldades do que imagina.


Para minimizar a tensão que emoldura a sede do Executivo federal, Dilma convidou os 27 governadores para uma reunião de emergência ainda nesta terça-feira (8). Por enquanto, dezoito deles confirmaram presença, o que mostra a piora da situação da petista nas últimas horas. A pauta oficial do encontro é o combate ao surto de microcefalia que atinge o País, mas na verdade o que estará em discussão é o pensamento tacanho da presidente diante do processo de impedimento.

A ideia é fazer com que os governadores pressionem suas bancadas no Congresso para que barrem o pedido de impeachment de Dilma, mas essa é uma missão espinhosa e com puçá chance de sucesso, pois os parlamentares em questões como essa agem de forma independente.

Dilma tem o direito de acreditar que essas medidas paliativas e de afogadilho desatarão o nó político que se formou no Planalto Central, mas o melhor que a presidente pode fazer nesse momento é começar a limpeza das gavetas de sua escrivaninha, uma vez que o cenário aponta na direção de seu afastamento.

É importante destacar nesse quadro que Dilma errou ao atropelar Michel Temer, presidente do mais importante partido da base aliada e de olho na principal cadeira do Palácio do Planalto. Temer, que já anunciou a aposentadoria política a partir de 2019, tem nas mãos a chance derradeira de assumir o comando do País sem ter de enfrentar as agruras de uma eleição. Em suma, Dilma já deveria estar consultando o valor de uma mudança para Porto Alegre.

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