Na próxima quarta-feira (17), o PMDB, a maior bancada da Câmara dos Deputados, elegerá seu novo líder. Muito além do poder de influenciar decisões no Congresso, a escolha deverá ter impacto na definição do futuro da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Casa, Eduardo Cunha.
No governo, a expectativa é que o novo comandante peemedebista ajude a enterrar de vez o processo de impeachment da petista, que deve ter seguimento após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os dois nomes que buscam comandar a bancada de 67 deputados são “crias” de Eduardo Cunha, contudo, hoje atuam em campos opostos. Enquanto Leonardo Picciani, atual líder que tenta a recondução, tem a preferência do Palácio do Planalto, Hugo Motta tem o apoio do presidente da Câmara, que é desafeto do governo e se empenhou na missão de eleger seu afilhado.
Enquanto a briga nos bastidores acontece, líderes partidários avaliam que o vencedor da eleição interna indicará quem – Dilma ou Cunha – começa o ano mais forte.
A avaliação do governo é de que uma vitória de Picciani representará a maior derrota do presidente da Câmara, que enfrenta pedido de cassação do mandato no Conselho de Ética, devido a seu afinco para dar impulso a Motta. Inclusive, um interlocutor do Planalto diz acreditar que, caso o candidato de Cunha seja derrotado, fica mais forte a tese de afastamento do presidente da Câmara.
O Supremo Tribunal Federal deve analisar em março o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que Cunha deixe o comando da Casa.
Os parlamentares pensam parecido. “Se Picciani sacramenta essa vitória, atesta que ele (Cunha) não tem essa força toda”, analisa o líder do PR na Câmara, Maurício Quintella Lessa (AL).
A expectativa do governo, principalmente, em relação à decisão da bancada, é sobre a indicação de nomes contrários ao impeachment na Comissão Especial criada na Câmara para analisar o tema, uma prerrogativa do novo líder.
Contudo, apesar de mais afinado com Picciani, para o Planalto, uma vitória de Hugo Motta não seria o pior dos cenários, pois governistas acreditam ser possível compor com o ele. O deputado diz ser pessoalmente contrário ao impeachment, mas que colocará o tema em discussão na bancada após ser eventualmente eleito. “Hugo, se fosse o vencedor da disputa, procuraria reunificar o PMDB. Não acho que ele levantaria nenhum estandarte pró-impeachment”, avalia Lessa.
Recém-conduzido à liderança na Câmara, o novo líder do PT, Afonso Florence, afirma que seu partido não tem preferência entre os candidatos, entretanto ressalta que o PMDB tem um “compromisso assumido” com o governo. “Seja quem for o líder, temos obrigação de dialogar com a bancada”, revela.
Já a oposição acredita que, vencendo, Picciani atuará como líder de governo diante de sua bancada. Já a vitória de Motta significaria um fortalecimento de Cunha, embora temporário.
Eduardo Cunha tem minimizado o impacto do resultado da eleição no PMDB. Ele tem dito a interlocutores que o processo do impeachment não será afetado pela escolha do líder e que é “bobagem” entenderem uma vitória de Picciani como seu enfraquecimento ou o inverso, caso Motta seja escolhido.
Aliados de Picciani propagam que seu candidato tem o apoio de 45 deputados e os de Motta dizem que ele tem 39.