Quando ameaçou processar jornalistas que noticiam seu envolvimento no período mais corrupto da história nacional, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva o fez de forma deliberada porque não tem como explicar fatos que por si só são inexplicáveis. E repetir a cantilena do “não sabia” tornou-se simplesmente inócuo. O petista reforçou seu desespero diante dos fatos ao dizer que não mais aguenta falar sobre os escândalos do tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, construído pela Bancoop e finalizado por uma das empreiteiras da Operação Lava-Jato, e o sítio em Atibaia, registrado em nome de terceiros.
Enquanto convocou petistas de destaque para defendê-lo, sob pena de arrastar todos os “companheiros” para o olho do furacão casa não acatassem a ordem, Lula, o lobista-palestrante contou com a subserviência de alguns integrantes do partido, como o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que ingressou com pedido de liminar para suspender o depoimento do petista-mor e de sua esposa, a sempre calada Marisa Letícia Lula da Silva.
Na noite desta terça-feira (16), um integrante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), conselheiro Valter Shuenquener de Araújo, concedeu liminar suspendendo a audiência marcada para esta quarta-feira, quando seriam ouvidos Lula e a ex-primeira-dama sobre o apartamento tríplex.
Paulo Teixeira alegou violação do princípio do promotor natural, uma vez que a ação relativa à falida e polêmica Bancoop tramita na 5ª Vara da 1ª Promotoria de São Paulo, enquanto o procurador Cássio Cesarino, que convocou Lula para o depoimento, é integrante da 2ª Vara.
“Não é recomendável a manutenção de ato a ser presidido pelo requerido designado para amanhã [quarta-feira] sem que antes o Plenário deste Conselho possa apreciar as alegações de ofensa ao princípio do Promotor Natural no âmbito do Ministério Público do Estado de São Paulo. A manutenção do ato poderia, acaso se entenda, em momento futuro, pela falta de atribuição do referido membro e da necessidade de livre distribuição do feito, até mesmo ensejar uma indesejável nulidade no âmbito penal”, destacou Shuenquener de Araújo em sua decisão.
O conselheiro entendeu baseou-se na tese do “fumus boni juris” (fumaça do bom direito), alegando que existem no caso em questão motivos para suspender temporariamente os atos do promotor em razão de suspeitas. A liminar concedida suspende todos os atos praticados pelo promotor na investigação até que o plenário do CNMP analise o caso. Shuenquener de Araújo também determinou que a Procuradoria de Justiça de São Paulo seja intimada com urgência da decisão.
O deputado Paulo Teixeira por considerar que o promotor, em entrevista concedida recentemente, expôs antecipadamente o seu ponto de vista. Além disso, o parlamentar petista afirmou que o promotor extrapolou ao falar não apenas sobre o bisonho triplex no Guarujá, mas também do sítio em Atibaia (SP), frequentado pelo ex-presidente e sua família em 111 ocasiões e para onde seguiu a mudança do ex-presidente que estava em Brasília após o petista deixar a Presidência da República.
Paulo Teixeira, mais uma das muitas alcatifas petistas que se esparramam pelo Parlamento brasileiro, garantiu que não repetirá o questionamento em relação à convocação do alarife Lula para a prestar depoimento perante o juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato. O depoimento do ex-presidente está marcado para o dia 14 de março, por teleconferência. “Este papel é dos advogados do ex-presidente; só tomei esta iniciativa agora porque é caso da promotoria de São Paulo”, afirmou o deputado petista.
Uma manifestação de dupla corrente (grupos favoráveis e contrários a Lula) estava marcada para acontecer diante do prédio do Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, mas segundo informações os protestos serão mantidos.
Essa manobra de última hora, que poupa mais uma vez o responsável pelo período mais corrupto da história verde-loura, mostra de forma inequívoca que o Brasil é, além de um enorme “faz de conta”, o país da piada pronta. Ou os brasileiros de bem tomam as ruas de forma constante e insistente, protestando contra o atual estado de coisas, ou o último que sair fica com a incumbência de apagar a luz, até porque a conta de energia está pelas alturas.
Como disse certa feita um conhecido e sempre ébrio comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”. E PT saudações!
