Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre janeiro e novembro de 2015 a ocorrência da síndrome de Guillain-Barré (SGB) no Brasil cresceu 19% em relação à média dos anos anteriores. O número total de pacientes registrados com a doença autoimune no período foi de 1.708, o que corresponde a mais de 5 casos por dia.
O Brasil é o país mais afetado pela Zika no planeta e a OMS afirma que há uma “relação provável, embora ainda não comprovada” entre o vírus e a síndrome, que pode causar paralisia.
Conforme a OMS, o aumento da incidência foi maior em Alagoas (aumento de 516,7%), Bahia (196,1%), Rio Grande do Norte (108,7%), Piauí (108,3%), Espírito Santo (78,6%) e Rio de Janeiro (60,9%).
“Em um Estado em que a média anual de pacientes com a síndrome é de 12 casos, o volume registrado no ano passado assusta”, diz Galvão. “Para se ter uma ideia, de março a dezembro, 43 casos estão diretamente ligados ao Zika”, afirma o hematologista Wellington Galvão, presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas.
“O número de casos aumentou exatamente no mesmo período de avanço das viroses (Zika, dengue e chikungunya, ligadas ao Aedes aegypti)”, observou o médico neurologista Marcelo Adriano Vieira, responsável pela investigação dos casos de Guillain-Barré no Piauí.
No Piauí, 42 pacientes foram diagnosticados com Guillain-Barré, ante 23 no ano anterior. Em Pernambuco, foco dos casos atuais de microcefalia, 50 casos foram registrados, ante14 no ano anterior. Na Bahia, só até julho de 2015 houve 42 casos confirmados, dos quais 26 têm histórico de Zika, dengue ou chikungunya, segundo a OMS. No Rio Grande do Norte, em 2014, 33 pacientes tiveram a síndrome confirmada, ante uma média de 20 casos por ano.
O Ministério da Saúde confirmou, em dezembro, a associação entre a Guillain-Barré e o Zika vírus. Nesta semana, o Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), do Rio de Janeiro, e a Fiocruz firmaram acordo para a realização de pesquisas conjuntas sobre a relação do Zika não só com a Guillain-Barré, mas também com casos de encefalites e encefalomielites.
Por enquanto, qualquer associação é prematura, segundo o neurologista Fernando Cendes, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. “Pode ser efeito do aumento do conjunto de viroses no País”.
No último dia 9 de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu prudência por parte das autoridades sobre a suposta relação entre o Zika vírus e a síndrome de Guillain-Barré, tomando por base e a morte de três pessoas na Colômbia pela doença.
“Sim, vimos estas mortes pela síndrome de Guillain-Barré, foram registradas três. Mas queremos convidar à prudência”, afirmou, em Genebra, o porta-voz OMS, Christian Lindmeier, sobre a possível relação com o Zika vírus.