Operação Acarajé: marqueteiro abusa da ironia e desdenha força-tarefa da Lava-Jato ao voltar ao Brasil

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João Santana, marqueteiro oficial da cúpula petista, e Mônica Moura, mulher e sócia do publicitário, abusaram do deboche no momento em que se entregaram à Polícia Federal, mas nada como o efeito do cárcere para neutralizar essa soberba.

Santana e Moura desembarcaram na manhã desta terça-feira (23) no Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos (SP), provenientes da República Dominicana, e de forma concomitante foram presos por agentes da PF, que cumpriram mandados expedidos no escopo da Operação Acarajé, 23ª fase da Operação Lava-Jato.

O casal participava da campanha à reeleição do presidente dominicano, mas retornou ao Brasil sem celulares e notebooks, acessórios atualmente indispensáveis para pessoas que viajam a trabalho. O advogado Fábio Toufic, que adotou o mesmo tom arrogante e chicaneiro, disse, ao ser questionado por jornalistas, que a PF não autoriza o uso de celulares na carceragem. Se essa autorização for dada, ele apresentará os aparelhos telefônicos dos clientes.

No momento em que a Operação Acarajé tem provas de sobra contra Santana, o marqueteiro abusa do desdém ao tentar dificultar as investigações. Ele é acusado de receber em conta secreta no exterior US$ 7,5 milhões, dinheiro oriundo do esquema de corrupção que funcionou deliberadamente durante uma década na Petrobras, segundo as investigações.


Uma dos principais focos da investigação deflagrada pela força-tarefa da Lava-Jato é o conjunto de repasses feitos a Santana pela construtora Norberto Odebrecht, investigada no Petrolão e cujo presidente, Marcelo Odebrecht, encontra-se preso desde junho de 2015.

De acordo com relatório da PF, João Santana e Mônica Moura ocultaram os recursos recebidos no exterior porque sabiam da “origem espúria” do dinheiro. Os investigadores afirmam no documento que o dinheiro foi ocultado mediante fraudes e “com a finalidade exclusiva de esconder a origem criminosa dos valores, que, como se viu, provinham da corrupção instituída e enraizada na Petrobras”.

A postura adotada por Santana e Moura é a mesma que marcou a prisão de outros investigados, que com o passar do tempo optaram pela delação premiada. O marqueteiro é conhecido por ser um “bon vivant” e não suportará as agruras do cárcere e a pressão de um monitoramento contínuo por parte das autoridades, caso seja colocado em liberdade após o fim da prisão temporária (cinco dias, renovável por igual período)

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