Acordo de delação do ex-presidente da OAS gera pânico no Palácio do Planalto e nos domínios de Lula

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A situação de Luiz Inácio da Silva, o lobista em fuga, e a de muitos dos envolvidos no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da História, tende a piorar nos próximos dias. Ex-presidente e sócio da empreiteira OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, deve assinar em breve, com a Procuradoria-Geral da República (PGR), acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato.

Pinheiro estaria disposto a revelar ao Ministério Público detalhes sobre casos envolvendo o ex-presidente Lula, como, por exemplo, a reforma do triplex no Guarujá e do sítio em Atibaia, além de pagamentos de propina feitos pela Odebrecht a políticos.

Um dos empreiteiros mais próximos de Lula – o outro é Marcelo Odebrecht – Léo Pinheiro negocia a colaboração premiada com a PGR porque deve detalhar atos ilegais envolvendo políticos com direito a foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.

A decisão de Pinheiro de aderir à delação surgiu após o Supremo Tribunal Federal (STF) definir que penas condenatórias proferidas em segunda instância devem ser cumpridas imediatamente. Como o ex-presidente da OAS já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância pelos processos decorrentes da Lava-Jato, o empreiteiro preferiu não correr o risco de passar muito tempo na prisão, buscando, assim, uma eventual redução da pena.

Quem acompanha as negociações do acordo garante que a delação de Léo Pinheiro, se concretizada, terá potencial para promover considerável estrago na cena política nacional. O ex-executivo da OAS deve dizer, por exemplo, que a empresa reformou o apartamento triplex do Guarujá para Marisa Letícia, mulher do doutor honoris causa, mas que ela desistiu de ficar com o imóvel. Como se essa declaração tivesse alguma dose de verdade.

Pinheiro também confirmará que a OAS custeou parte das reformas realizadas no polêmico sítio de Atibaia, frequentado costumeiramente por Lula e para onde o petista enviou sua vasta mudança palaciana após deixar a Presidência da República.

A Construtora Norberto Odebrecht, cujo presidente afastado, Marcelo Odebrecht, encontra-se preso em Curitiba desde 19 de junho de 2015, confirmou que um de seus funcionários, o engenheiro Frederico Barbosa, participou da reforma do tal sítio, mas a origem do dinheiro usado na obra continua sendo um mistério.


Pimenta no acarajé

Da delação de Pinheiro constará o escândalo envolvendo a agência de comunicação Pepper, cujo sigilo bancário está de posse da força-tarefa da Lava-Jato desde o final do ano passado. A OAS pagou R$ 717 mil à Pepper, empresa que em 2010, durante a campanha de Dilma Rousseff, cuidou da peçonha petista nas redes sociais.

A Pepper recebeu, na contas que mantém no Banco do Brasil e no Santander, R$ 7,7 milhões de empreiteiras investigadas na Lava-Jato. Somente da Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do País, a agência recebeu, em 2010, R$ 6,28 milhões, por meio de dezessete transferências. A OAS fez três depósitos em favor da agência, totalizando os R$ 717 mil acima mencionados. A Egesa pagou R$ 563 mil, enquanto a Queiroz Galvão, R$ 159 mil.

Em depoimento na esteira de delação premiada, onze executivos da Andrade Gutierrez admitiram o pagamento de despesas da primeira campanha de Dilma Rousseff (2010), quando a petista concorreu à Presidência da República.

A Pepper, como já informado pelo UCHO.INFO, foi alvo da Operação Acrônimo, que tem na alça de mira o petista Fernando Pimentel, ex-ministro do Desenvolvimento e atual governador de Minas Gerais, e da sua mulher, Carolina Oliveira. A Polícia Federal suspeita que Carolina seja a verdadeira dona da agência Pepper, que é investigada por ter sido supostamente usada para intermediar dinheiro do BNDES que acabou nas mãos de Pimentel.

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