O temor que tomou conta da esquerda nacional está levando os integrantes do núcleo duro do governo de Dilma Rousseff a declarações estapafúrdias. De pois de reunir-se com a presidente da República e ministros da coordenação política do governo – se é que isso existe – o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, despejou sobre os jornalistas a tese fracassada de que o juiz Sérgio Moro “traçou um plano de criminalização da política”.
“O rei da festa foi o Moro”, disse Wagner, que a reboque da sua dificuldade de enxergar a realidade dos fatos ainda esperava que Dilma e Lula fossem as estrelas das manifestações. “Há o reconhecimento de que a manifestação foi vigorosa, e há o reconhecimento que das últimas foi a mais produzida, com envolvimento de federações e empresas”, afirmou o chefe da Casa Civil, ressaltando que isso “não tira o valor” dos protestos.
Se de fato o juiz responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos da Operação Lava-Jato foi o “rei da festa”, a presidente não deveria ter convocado, no domingo (13), uma reunião de emergência após o fim das manifestações e muito menos ter reunido a equipe de coordenação política de um governo embalado pela paralisia e corrupção.
Na verdade, contrariando a fala oportunista de Jaques Wagner, quem reinou de forma soberana nos protestos foi a vontade de uma população cansada de uma avalanche de corrupção instalada na estrutura do Estado por um partido político que já foi chamado de organização criminosa. Apesar de pífia e descabida, a fala de Wagner encontra explicação no desespero que emoldura o governo e o próprio PT, protagonistas do período mais corrupto da história brasileira.
O ministro desconsiderou a comparação das manifestações de 13 de Março com os protestos que das “Diretas Já”, alegando que trata-se de análise “é absolutamente indevida” e que o momento era outro. “Nas diretas ninguém patrocinou”, disse. “São naturezas diferentes, numericamente não sei, mas do ponto de vista motivacional é totalmente diferente”. Completou o petista.
À época das “Diretas Já”, o País buscava uma forma de se livrar do ranço autoritário do período militar, ao passo que agora os brasileiros tentam se livrar da ditadura imposta pela corrupção desenfreada, levada a cabo por integrantes do PT e do governo.
Wagner tem o direito constitucional à livre manifestação do pensamento, mesmo que suas palavras sejam balbuciadas na tentativa de salvar um governo criminoso que não tem salvação, mas o ministro não pode querer que a massa pensante da sociedade aceite essa tese como sendo uma ode à verdade. O governo de Dilma Rousseff chegou ao seu final, cabendo agora apenas a definição da data do sepultamento.
As manifestações de domingo (13) foram absolutamente importantes, assim como exemplares em todos os sentidos, mas é preciso insistir no tema para que seja alcançado o objetivo maior, que é a saída de Dilma Rousseff e do PT. Há muito esse assunto – envolvendo governantes e políticos corruptos – ultrapassou as fronteiras do aceitável. Ou o brasileiro continua pressionando, ou o melhor é desistir do Brasil.