Lava-Jato: Delcídio acusa o tucano Aécio Neves de corrupção e ressuscita a temida lista de Furnas

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Senador por Mato Grosso do Sul e ex-líder do governo no Senado Federal, Delcídio Amaral fez um considerável estrago com sua delação premiada, homologada na manhã desta terça-feira (15) pelo ministro Teori Zavascki (STF).

Delcídio afirmou aos investigadores que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebia vantagens ilícitas a partir da diretoria de Engenharia de Furnas (Furnas Centrais Elétricas). De acordo com o parlamentar, o esquema criminoso era operado por Dimas Toledo, ex-diretor estatal, que teria “vínculo muito forte” com o tucano.

O delator disse que o dinheiro desviado de Furnas era dividido entre Aécio e o ex-deputado José Janene, do PP, mentor intelectual do esquema de corrupção conhecido como Petrolão.

No depoimento, Delcídio cita uma conversa que teve com o então presidente Lula (hoje um palestrante em fuga), em 2005, no qual o petista afirmou ter sido procurado por Janene e por Aécio para que Dimas Toledo continuasse no cargo.


“Agora o PT, que era contra, está a favor. Pelo jeito ele está roubando muito!”, disse o ex-presidente, segundo o delator. Delcídio afirmou que seria necessário dinheiro em profusão para manter pagamentos a três partidos importantes (PP, PSDB e PT).

Aos investigadores, o ex-líder do governo disse não conhecer o modus operandi do esquema de corrupção que funcionava em Furnas, mas garante que a empresa foi usada de forma sistemática “em vários governos” para repassar recursos desviados aos partidos, mecanismo semelhante ao que funcionava na Petrobrase e foi desmontado pela Lava-Jato.

No depoimento, Delcídio classificou Dimas Toledo como um “super diretor”, com vasto relacionamento político dentro de Furnas, e que os demais diretores eram “meros coadjuvantes” na estatal. Ele também disse que a grande influência de Dimas materializou-se na eleição do seu filho, o deputado federal Dimas Fabiano (PSDB-MG).

O esquema criminoso em Furnas, que veio à tona por ocasião da CPMI dos Correios, em 2005, foi mencionado na delação do doleiro Alberto Youssef. Apesar das graves acusações que Delcídio fez contra Aécio, a Procuradoria-Geral da República entendeu não serem suficientes os indícios para investigar o tucano.

Se Delcídio Amaral sempre soube desse cipoal de crimes cometidos por políticos dos mais distintos partidos e jamais os denunciou, cometeu o crime de prevaricação, que é quando um agente público, indevidamente, retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal. Ou seja, Delcídio já deveria ter denunciado todos o que agora acusa na delação premiada, devendo responder também por mais esse crime.

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