Definitivamente o Brasil caminha na contramão da lógica, o que faz com que o País cada vez mais se afaste de um cenário minimamente favorável ao cidadão, que na verdade é quem manda. Sob o manto e a pressão do governo mais corrupto da história nacional, o Senado exonerou Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio Amaral, o senador sul-mato-grossense que fechou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato e colocou o Palácio do Planalto e o PT de pernas para o ar.
Marzagão foi exonerado apenas porque ousou gravar uma conversa nada republicana que teve com o petista Aloizio Mercadante, no gabinete do ministro, à época no comando da Casa Civil. Mercadante tomou a iniciativa de chamar o assessor para uma conversa e chegou a oferecer ajuda, inclusive financeira, para que Delcídio desistisse da delação premiada ou minimizasse suas declarações, a fim de poupar algumas figuras do governo e do PT.
O arquivo de áudio foi anexado ao processo da Lava-Jato do qual o senador é alvo, ficando claro que as informações prestadas por Delcídio aos procuradores da República são não apenas verdadeiras, mas passiveis de comprovação – um dos requisitos da colaboração premiada.
A parcela de bem dos brasileiros, proporcionalmente representa nos protestos do último dia 13 de março, saiu às ruas do País para protestar contra a corrupção, que há muito tornou-se sistêmica, e cobrar a saída da presidente Dilma Rousseff, que não mais reúne condições de continuar na Presidência da República.
Há no Brasil, patrocinada pelos delinquentes que ocupam o poder, uma inversão de valores inaceitável, cenário que avança de maneira assustadora para viabilizar um projeto criminoso de poder empunhado pela cúpula petista e seus marginais com mandato.
Fazendo uso do bordão criado pelo agora ministro suspenso da Casa Civil, Lula, “nunca antes na história deste país” a lógica e o bom senso foram tão ignorados. Saqueia-se os cofres públicos sob a desculpa de que o fim justifica os meios – e não justifica –, mas em momento algum há uma medida para conter esses ultrajadores da democracia.
Quem conhece Mercadante sabe que se trata de uma figura menor que aceita missões à sua altura, como a investida criminosa contra Delcídio Amaral. Não se trata de defender senador que até outro dia era líder do governo, mas de colocar no devido lugar os personagens de um enredo mafioso que parece não ter fim.
Enquanto Eduardo Marzagão foi exonerado porque, segundo seus algozes, quebrou a confiança do Senado, Aloizio Mercadante permanece incólume como ministro da Educação e um dos mais obedientes serviçais da presidente da República. Aliás, Mercadante é conhecido nos bastidores do poder como um excelente cumpridor de ordens, sem que tenha iniciativa própria ou esboce qualquer reação diante de absurdos, como no caso da conversa com o assessor de Delcídio.
Quando um senador da República – Mercadante esteve como tal durante um mandato –, pressionado pelo presidente da República, age com pequenez de personalidade e revoga uma decisão tomada em caráter irrevogável ou, então, protagoniza a estreia inusitada do autoplágio – o ministro plagiou a si mesmo em tese de doutorado em Economia – torna-se difícil acreditar em um cenário melhor para o País com pessoas tão pífias e dissimuladas.
Enfim, como sempre acontece nas muitas republiquetas bananeiras espalhadas pelo planeta, no caso da conversa bandoleira entre Mercadante e Marzagão prevaleceu a teoria burra do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, como se um cargo de ministro de Estado colocasse alguém acima da lei. Apesar da consequência covarde, Marzagão “perdeu o juízo”.