Petrolão: incêndio no escritório de Meire Poza, a contabilista de Youssef, não foi o primeiro da Lava-Jato

incendio_1001

Desde que o gigantesco esquema de corrupção que culminou na Operação Lava-Jato começou a funcionar, incêndios aconteceram de forma estranha ao longo de uma década, até o que na madrugada desta sexta-feira (1º) destruiu o escritório da contadora Meire Poza, que trabalhava para o doleiro e delator Alberto Youssef.

Muito antes de a Lava-Jato ser deflagrada, um imóvel localizado em Santa Catarina foi misteriosamente incendiado, como se fosse um recado ao responsável pelo mesmo. O local era utilizado pelo empresário Hermes Magnus, hoje asilado. Magnus e o editor do UCHO.INFO dissecaram o esquema de corrupção criado pelo finado deputado federal José Janene (PP-PR), de quem o empresário foi vítima, e levaram ao Ministério Público Federal, em São Paulo, a denúncia que serviu de ponto de partida para a operação policial que há mais de dois anos está em cartaz.

Na ocasião, o galpão incendiado guardava documentos do empresário, que até hoje não conseguiu elucidar o crime, principalmente porque as autoridades locais não mostraram interesse e boa vontade para desvendar o enigma.

Acontece que muitos dos envolvidos no Petrolão, o maior e mais acintoso esquema de corrupção da História, ainda não foram alcançados pela força-tarefa da Lava-jato, por isso trataram de sumir com provas e documentos que eram considerados como senha para uma temporada na carceragem curitibana da Polícia Federal. Há meses, a sede de uma empresa financeira envolvida no esquema criminoso, que trabalhou para alguns dos investigados na Lava-Jato, também foi misteriosamente consumida pelo fogo, sem que os imóveis vizinhos tivessem sido atingidos pelas chamas. Uma daquelas coincidências que não cabem nem mesmo em filmes hollywoodianos de ação.

É importante lembrar que durante a CPMI dos Correios, que investigou o escândalo que ficou nacionalmente como Mensalão do PT, que Marcos Túlio Prata, conhecido como Pratinha e ex-policial civil de Minas Gerais, foi flagrado por autoridades no momento em que tentava colocar fogo em documentos que poderiam comprometer o então publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, o caixa forte do Mensalão do PT. Pratinha, acusado de assassinato e tráfico de armas, é irmão do contador que prestava serviços às empresas de Valério.


O motivo da tentativa de atear fogo em documentos das agências de Marcos Valério, em especial nas notas fiscais, é que algumas campanhas publicitárias de ao menos duas companhias de telefonia celular foram superfaturadas para justificar o abastecimento da criminosa cornucópia que alimentou o primeiro grande escândalo da era Lula.

O controlador das empresas de telefonia celular não apenas aceitava o superfaturamento, mas se beneficiava do mesmo. A estratégia bandoleira foi adotada para que as empresas conseguissem justificar a sápida de dinheiro, o qual ia para alguns próceres petistas, os quais facilitaram a relação do tal empresário com fundos de pensão controlados pelos “companheiros”.

Agora chegou a vez do escritório da contabilista Meire Poza, que por meio de notas fiscais pouco ortodoxas esquentava o dinheiro das propinas pagas por Youssef no escopo do Petrolão. Em 2015, a Polícia Federal apreendeu no escritório de Poza um documento que é considerado a pedra angular da Operação Carbono 14. Trata-se de um contrato de empréstimo no valor de R$ 6 milhões entre o empresário Marcos Valério e uma empresa de Ronan Maria Pinto, empresário de Santo André, no Grande ABC, preso nesta sexta-feira.

A Operação Lava-Jato deve durar mais alguns bons meses, talvez ano, mas é preciso estar atento para os próximos episódios dignos de organizações mafiosas. Tudo o que de interessante havia no escritório de Meire Poza foi apreendido pela PF, sendo o incêndio desta madrugada um recado eivado de ódio e delinquência extrema. No caso da empresa financeira que também foi consumida pelo fogo, misteriosamente, o UCHO.INFO tem muitos detalhes do antes e do depois. Revelar será uma questão de tempo.

apoio_04