Até a última quarta-feira (6), o momento político apontava para um cenário ligeiramente favorável à presidente Dilma Rousseff no caso do impeachment, como noticiou o UCHO.INFO. As nossas informações tinham como base um levantamento sobre o número de parlamentares a favor e contra o impedimento da petista, assim como dos indecisos.
Como dizia o mineiro José de Magalhães Pinto, ex-senador e ex-governador de Minas Gerais, a política é como nuvem: “Você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou”. A frase, erroneamente creditada a Ulysses Guimarães, traduz muito bem o momento atual enfrentado pelo País. Nas últimas 48 horas, a situação de Dilma Rousseff, para a alegria dos brasileiros de bem, mudou rápida e repentinamente. O que vinha sendo comemorado como favas contadas em termos de vitória, agora é um pesadelo inimaginável.
Com a leitura do relatório sobre o processo de impeachment da petista, assinado pelo deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) e favorável ao prosseguimento do processo na Câmara, cresceu o número de parlamentares a favor do fim do governo mais corrupto da história. Atualmente, o placar do impeachment, monitorado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, é de 277 deputados a favor, 114 contra, 62 indecisos e 60 que não responderam à enquete. Isso significa que o processo tem chance de ser aprovado no Plenário da Câmara na próxima semana.
O horizonte de Dilma ficou ainda mais carrancudo com a divulgação de trechos das delações premiadas de Otávio Marques de Azevedo e Flávio Barra, ex-presidente e ex-diretor da construtora Andrade Gutierrez, respectivamente. Azevedo e Barra afirmaram, em delação já homologada pelo Supremo Tribunal Federal, que doações às campanhas de Dilma (2010 e 2014) foram feitas como sendo oficial, mas o dinheiro usado para tanto era fruto de corrupção, em especial nas obras da usina de Belo Monte.
Esses dois fatores comprometeram o plano rasteiro e criminoso do governo, que nos bastidores, sob a batuta do quase ministro Lula, passou a cooptar deputados contra o impeachment mediante a distribuição de cargos, liberação de recursos públicos e pagamento em dinheiro. No que se refere ao pagamento em dinheiro vivo, parlamentares receberam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, mas em alguns casos o suborno chegou a R$ 3 milhões. Não se sabe quem de fato operou esse caixa típico de organizações criminosas, mas o UCHO.INFO tem informações seguras de que esse escambo bandoleiro ocorreu nos últimos dias.
Ciente da possibilidade de uma rumorosa derrota no plenário da Câmara, Dilma e seus assessores trabalham intensamente para tentar adiar ao máximo a votação do pedido de impeachment. Isso daria ao Palácio do Planalto mais tempo para negociar a derrubada do processo de impedimento. Apesar de todas as ofertas que têm sido feitas nos subterrâneos do poder, cresce a resistência dos parlamentares assediados pelo governo.
Apesar das dificuldades que surgiram nas últimas horas, o governo está disposto a tudo para retardar ao máximo o desfecho do processo de impeachment. Tanto é assim, que o advogado-geral da União, José Eduardo Martins Cardozo, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (8) na sede da AGU, disse que o governo recorrerá da decisão final da Comissão Especial do Impeachment, que deve aprovar relatório favorável à admissibilidade e continuidade do processo.
Ainda não está claro em qual fase do desenrolar do processo o governo recorrerá ao Supremo Tribunal Federal, mas é certo que essa medida comprometerá o cronograma do impeachment, que prevê, por enquanto, para a próxima sexta-feira (15) o julgamento em plenário do caso que, mais adiante, pode culminar na saída de Dilma Rousseff da Presidência da República.